domingo, 14 de abril de 2013

Por que não sou RCC? Perguntas e respostas:

PS: Texto retirado do Catecismo Católico da Crise na Igreja, do Pe. Mathias Gaudron, FSSPX:






+ De onde vem esse rito
 pentecostal?
O pentecostalismo nasceu na noite entre 31 de dezembro de 1900 e 01 de janeiro de 1901, em Topeka, no Kansas.336 Na esperança de reencontrar os carismas dos Apóstolos (sobretudo o falar em línguas), o pastor metodista Charles Parham (1873- 1929) impôs as mãos sobre uma moça chamada Agnès Ozman. Esta se pôs, logo, a falar em uma língua desconhecida – que um oriundo da região da Bohemia reconheceu, no dia seguinte, como sua língua materna. A experiência se espalhou nos dias seguintes, e o pastor Parham partiu a pregar sua descoberta. Perseguido mais tarde por questão de costumes (acusavam-no de homossexualismo), o pastor Parham foi eclipsado por alguns de seus discípulos, com William Seymour (1873-1929).

+ Como se espalhou o novo rito pentecostal?

Os “pentecostais” foram, primeiro, rejeitados, mesmo pelos protestantes (chamavam-nos de “trêmulos” por causa de suas contorções, os “rolantes” – alguns rolavam no chão durante o culto). Criaram suas próprias igrejas e organizaram-se em círculos muito fechados. Foi somente a partir dos anos 30, na Europa, e, dos anos 50, nos Estados Unidos, que seu rito saiu das igrejas estritamente pentecostais, para penetrar em todas as denominações protestantes. O pastor David du Plessis (1905-1987) foi o principal artífice dessa difusão “ecumênica” do “Batismo no Espírito”. No fim do século XX, contavam-se, no mundo, cerca de cem milhões de pentecostalistas.

+ Existem precedentes do fenômeno pentecostal?

O rito propriamente dito do “Batismo no Espírito” é novo; mas as seitas heréticas conheceram, regularmente, fenômenos análogos no curso das eras. No fim do século XVII, uma onda de pietismo agitava assim os “Camisards” protestantes do sul da França: afirmava-se sentir o Espírito Santo, exprimia-se em línguas, chorava-se copiosamente. As mesmas excentricidades se encontram, a partir de 1731, em Paris, no cemitério de Saint-Médard, sobre a tumba de um diácono jansenista: convulsões frenéticas atingindo turbas inteiras, êxtases, discursos em línguas desconhecidas, “profecias”, etc.

+ Como se pode explicar esse gênero de fenômenos?

Esses fenômenos estranhos podem, em parte, ser explicados, de modo natural (histeria descontrolada, exaltação psíquica mórbida, alucinações); mas é verossímil que o diabo nelas intervenha com freqüência. O fato de se exprimir em línguas nunca aprendidas antes é sinal de possessão diabólica indicada pelo ritual tradicional dos exorcismos.

+ Pessoas que invocamo Nome de Cristo com um tal fervor podem, realmente, ser manipuladas pelo diabo?

Nosso Senhor mesmo o disse:
“Guardai-vos dos falsos profetas (...) Não são todos os que Me dizem Senhor,Senhor, que entrarão no Reino dos Céus; mas sim aquele que faz a Vontade de Meu Pai, que está nos Céus. Muitos me dirão naquele Dia: Senhor, Senhor, não foi, em Vosso Nome, que profetizamos? Não foi, em Vosso Nome, que expulsamos os demônios? E não fizemos, em Vosso Nome, muitos milagres? Então, Eu lhes direi em alta voz: nunca vos conheci. Retirai-vos de Mim, operários da iniqüidade.”(Mt 7, 15-23).

+Como o rito pentecostal penetrou na Igreja Católica?
O rito pentecostal da efusão do Espírito foi difundido na Igreja pelos católicos ditos “carismáticos”. A “Renovação Carismática” pode ser definida como o “ramo católico do corrente pentecostalismo”.

+ Qual é a origem do carismatismo “católico”?
O carismatismo “católico” nasceu, nos Estados Unidos, em Pittsburgh (Pennsylvania), em 20 de fevereiro de 1967, dia em que dois católicos da Universidade de Duquesne receberam a imposição das mãos, em um grupo de oração dirigido por uma presbiteriana, e começaram a falar em línguas. Utilizaram, em seguida, o mesmo rito para transmitir a outros católicos os poderes assim recebidos. Em 18 de fevereiro de 1972, um engenheiro, retornando dos Estados Unidos, transmitiu a efusão do Espírito a Pierre Goursat, que fundou, em 1973, a comunidade Emmanuel (principal comunidade carismática francesa).

+ Qual foi o efeito do rito pentecostal sobre os primeiros católicos que o receberam?
A imposição das mãos produziu sobre os estudantes católicos da Universidade de Duquesne os mesmo efeitos bizarros que sobre os protestantes. Um dos dois contou: “Minha alegria era tão grande que não podia fazer nada além de rir, estendido por terra”. Um outro: “O sentimento que eu tinha da presença de Deus era tão forte que me recordo de ter ficado sentado uma meia hora na capela, rindo de alegria no pensamento do amor Deus”. Um terceiro: “Desde que me impuseram as mãos, pareceu-me que todo meu peito iria estourar. Meus lábios começaram a tremer e meu espírito a girar em turbilhão. Depois, eu sorria beatamente, não podia me impedir de fazer isso.”

+ O que manifestam essas reações ?
Essas reações chocantes revelam uma intervenção demoníaca. Enquanto que o Espírito Santo faz reinar a ordem e a discrição, o espírito demoníaco, mesmo quando se disfarça em anjo de luz, trai-se, geralmente, por alguma manifestação grotesca.

+ O demônio pode, então, inflamar as almas de amor a Deus?
O demônio não pode inflamar as almas de amor a Deus; mas pode dar essa impressão àqueles que querem sentir demais a ação da Graça: “Não é necessário mais para permitir ao diabo fazer-lhes ver falsas luzes ou escutar falsas melodias (...) e espalhar um fogo ou um calor extraordinário dentro de seu peito, de suas costas, de seus rins ou de seus membros. Entretanto, em meio a todas essas coisas fantasmagóricas, imaginam, erroneamente, conservarem no repouso a lembrança de Deus, sem serem detidos por nenhum pensamento vão. E têm razão sobre esse ponto, em certo sentido, pois estão tão mergulhados no erro que as vaidades não os podem tentar. E por quê? Porque esse mesmo demônio que procuraria excitar neles pensamentos vãos, se estivessem no bom caminho, é o principal agente da obra que executam. Adivinhas bem que ele não se faz obstáculo a si mesmo. Evita bem de lhes tirar a lembrança de Deus, temendo que suspeitem da verdade.”

+ Acham-se alertas análogos nos escritos dos Santos?
São Vicente Ferrer ensina, no seu tratado de vida espiritual:
“Aqueles que querem viver na Vontade de Deus não devem desejar obter (...) revelações ou sentimentos sobrenaturais que superem o estado ordinário daqueles que têm, por Deus, um temor e um amor muito sinceros. Pois, um semelhante desejo só pode vir de um fundo de orgulho e de presunção, duma curiosidade vã em relação a Deus ou de uma Fé muito frágil. A Graça de Deus abandona a alma tomada por esse desejo e deixa-a cair nessas ilusões e nessas tentações do diabo, que a seduz em visões e em revelações enganosas. É desse modo que o demônio semeia a maior parte das tentações espirituais de nosso tempo e que as enraíza nos corações daqueles que são os precursores do Anticristo (...)”.

+ Esse texto de São Vicente se aplica ao pentecostalismo e ao carismatismo?
É precisamente na intenção de “falar em línguas” que Agnès Ozman pediu ao pastor Parham para lhe impor as mãos. Foi também para se beneficiarem de “carismas” extraordinários manifestados pelos pentecostais que os católicos de Pittsburgh lhes pediram essa mesma imposição das mãos.

+ A Renovação Carismática não realiza um certo bem, trazendo de volta ao Catolicismo um certo número de almas e mantendo a piedade em outras?
O demônio, que enxerga a longo prazo, sabe perder um pouco para ganhar muito. É o ensinamento da bem-aventurada Maria da Encarnação: “Os êxtases, as visões e as revelações não são de jeito nenhum um argumento inconteste da permanência ou da assistência de Deus em uma alma. Quantos se viram que foram enganados com esses tipos de visões? Embora tenham sido a causa da conversão ou mesmo da salvação de algumas almas, é um estratagema do espírito maligno que fica contente em perder um pouco para ganhar muito.”

+ Qual vantagem o demônio pode encontrar nessas manifestações de piedade?
O pentecostalismo não apenas despertou e revitalizou um protestantismo moribundo que arriscava deixar o campo livre para a Igreja Católica; mas lhe permitiu, hoje em dia, conquistar, progressivamente, a América Latina. O demônio nisso encontrou vantagens evidentes. Do mesmo modo, o carismatismo “católico” perpetua, no próprio seio da Igreja, erros que a destroem.

+ O carismatismo não se opõe á dessacralização pós-conciliar?
É precisamente porque reage contra certos excessos que o carismatismo atrai católicos perplexos com a crise; mas para reconduzi-los aos erros conciliares !!! (Do mesmo modo que o pentecostalismo reconduziu ao protestantismo aqueles que seu excessivo rigorismo fazia fugir em massa).

+ Podeis dar um exemplo?
A comunidade Emmanuel reintroduziu, em vários lugares, a adoração ao Santíssimo Sacramento, o terço, a Confissão, etc. Essas devoções “conservadoras” fizeram cair muitos católicos desorientados. Mas esse conservadorismo serve, sobretudo, para conservar ... as novidades conciliares !!! Quem poderia negar que as teatralidades sentimentais de que os carismáticos têm o segredo são as principais muletas que ainda sustentam a nova Liturgia ?

+Qual é o nexo entre Vaticano II e o carismatismo?
Vaticano II é plenamente responsável pela introdução do rito pentecostal no seio do Catolicismo. Não somente porque João XXIII queria, no Concílio, “um novo Pentecostes”, ou porque o pastor pentecostalista David du Plessis – que havia tão eficazmente trabalhado na infiltração do “Batismo no Espírito” em todas as confissões protestantes – tivesse sido convidado ao Concílio como “observador” (deve-se a ele a introdução de algumas passagens sobre os carismas nos textos conciliares); mas , sobretudo, porque foi o decreto de Vaticano II sobre o ecumenismo - Unitatis redintegratio- que levou os católicos da Universidade de Duquesne ao “Batismo no Espírito”.

+ Como esse decreto pode conduzir católicos ao “Batismo no Espírito”?
Falando das comunidades separadas da Igreja Católica, o decreto Unitatis redintegratio afirma que “o Espírito de Cristo não recusa se servir delas como meios de salvação”. Diz também que “tudo o que é realizado pela Graça do Espírito Santo nos irmãos separados pode contribuir para a nossa edificação”.Essas passagens foram decisivas para os católicos da Universidade de Duquesne pedirem, aos protestantes, a imposição das mãos, em 20 de fevereiro de 1967.

+Como o carismatismo favorece os erros de Vaticano II?
O carismatismo contribui, como Vaticano II:
i) para estimular um falso ecumenismo (o carismatismo nasceu ecumenista);
ii)para confundir, em todos os domínios, a ordem da natureza e a da Graça;
iii)para enfraquecer a autoridade hierárquica querida por Deus;
iv)para esquecer toda parte ascética da vida espiritual.

+Como o carismatismo contribui para confundir natureza e Graça?
Querer sentir a ação da Graça (de si não-sensível) é expor-se a confundir Fé e sentimento religioso (assim como os modernistas); mas também inspiração divina e imaginação; Esperança teologal e otimismo; vida da Graça e bem-estar psicológico. A psicologia ocupa, ademais, um lugar muito grande nas comunidades carismáticas.

+ O que se pode dizer, em definitivo, do rito da efusão do Espírito ?
Os próprios carismáticos não sabem muito bem como explicar o rito da efusão do Espírito. Não pode ser um Sacramento, já que Jesus Cristo só instituiu sete. Vêem nele, pois, um caminho de conversão, uma reativação dos Sacramentos do Batismo e da Crisma, ou mesmo uma experiência espiritual. Mas nenhuma dessas explicações dá conta da eficácia de um rito que parece agir por si mesmo, como um Sacramento.

+ Pode-se, realmente, comparar essa efusão do Espírito com um Sacramento?
Ao vincular efeitos espirituais a um rito determinado, a efusão do Espírito se assemelha aos Sacramentos. Mas estes transmitem uma Graça não-sensível (deixam nos na ordem da Fé), enquanto que esse rito pretende fazer sentir a ação de Deus. Pode-se, então, defini-lo como uma caricatura de Sacramento que transmite, não a Graça de Deus, mas a ilusão sensível dessa Graça. Sabe-se que o demônio tem o poder de criar essa ilusão naqueles que procuram experimentar, de modo sensível, a ação divina.

+ É preciso considerar, então, os carismáticos como possuídos pelo demônio?
Todos aqueles que recebem a efusão do Espírito não são, só por esse fato, possuídos pelo demônio; nem mesmo, necessariamente, culpados de pecado mortal (por causa de uma certa ignorância do que fazem). Mas se abrem, assim mesmo, para uma influência diabólica que os coloca na ilusão, que arrisca falsificar sua vida espiritual e cegá-los tanto para a crise na Igreja, quanto sobre seu dever de estado pessoal. Alguns abandonam completamente a vida cristã quando, alguns anos depois, as miragens desaparecem.

+ É necessário atribuir ao demônio as curas e prodígios operados pelos carismáticos?
O demônio não pode fazer milagres no sentido estrito (que manifestem um poder absoluto sobre a natureza); mas sim prodígios (que utilizam as leis da natureza de modo particularmente engenhoso). Ora, não se acham milagres patentes entre os carismáticos. Eles mesmos reconhecem que um bom número de curas, efetuadas no curso de suas reuniões, não duram. Ademais, as declamações em línguas desconhecidas proferidas em certas reuniões carismáticas foram, por vezes, identificadas como blasfêmias por pessoas que conheciam essas línguas e estavam presentes por acaso.

Fonte:
http://tradicaocatolicateixeiradefreitas.blogspot.com.br/

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