SÃO LUÍS MARIA GRIGNION DE MONTFORT
Louis Le Crom
Editora Civilização – 2010 – Porto – Portugal – 526 págs.
A conversão do pecador acabava no confessionário. Incansavelmente, o bom padre dedicava-se a este ministério. Longe de se sujeitar contra vontade, saboreava a alegria de trazer as almas para Deus mediante a sua doce caridade. A senhora d’Orion escreveu: “Era como um anjo enviado por Deus ao confessionário [...] nunca encontrava pessoa mais criminosa do que ele próprio.”
Segundo o relato de Bastières, Grandet deixou-nos esta bela página: “O padre Montfort era doce até no tribunal da penitência; evitou sempre esses dois excessos funestos, que causaram outrora e que causam ainda hoje tão grandes prejuízos na Igreja: a saber, demasiado rigor e demasiada frouxidão na moral.
“Clamava no púlpito contra todos os vícios, mas era simultaneamente doce e firme no tribunal; tinha um dom singular para tocar os corações, tanto no confessionário como no púlpito. E nutria tanto horror pela moral severa em excesso, que acreditava que os confessores rigoristas faziam cem vezes mais mal à Igreja do que aqueles que eram relaxados, embora estes também a prejudicassem. Gostaria mais, dizia, de sofrer no purgatório por haver demonstrado demasiada douçura para com os meus penitentes do que por tê-los tratado com uma severidade desesperante; porque, o Filho de Deus diz que os que estão carregados de crimes e trabalham sob o peso da iniquidade, devem aproximar-se dele para receberem alívio.
“Entretanto, ainda que Montfort tivesse fama de ser extremamente severo, os grandes pecadores dirigiam-se mais a ele para se confessar, do que a qualquer dos outros missionários.”
Este método, a que chama “a sabedoria da verdade”, o Pai recomenda-o aos filhos. Como todos os grandes missionários, pede “quase toda a gente” – excepto aos escrupulosos, “que são raros” diz ele –, uma confissão geral. Mas esta confissão de missão nunca será uma tortura. Ele próprio, no manuscrito de sermões, teve o cuidade de expor a linha da sua conduta; é um documento precioso que nos revela a sua alma. Sete “ofícios” lhe parecem necessários ao confessor: Este, escreve, deve exercer “o ofício”: 1ª de pai, 2º de mestre, 3º de juiz, 4º de doutor, 5º de médico, 6º de dispensador dos mistérios de Cristo, 7º de pai, regressando assim, no final, ao ofício do princípio.
Acerca destes diferentes papéis, o Santo formula judiciosos conselhos. Falando, por exemplo, do ofício de médico, anota que, se se der o caso de recusar a absolvição, o confessor deve fazer com que a recusa seja aceite pelo próprio penitente, porque, de outra maneira, arriscar-se-ia mandar embora um pobre desencorajado que não teria ânimo para regressar.
E eis a muito bela conclusão: “após começar pela doçura de pai, escreve Montfort, impõe-se também terminar com ela; 1º reconhecendo com o penitente a sua felicidade; 2º reconhecendo-lhe a devoção à Santíssima Virgem, a quem ele deve a conversão e a perseverança, se lhe reza e lhe for devotado; 4º ao sair do confessionário, irá agradecer à Santíssima Virgem e entregar-lhe em mãos a graça recebida e, através da Santíssima Virgem, agradecer a Nosso Senhor e dar-se a ele.
“Finalmente, dizer-lhe, em união com Nosso Senhor: ide, meu querido irmão, em paz: que nós possamos ver-nos ambos no Céu. Que Nosso Senhor e a Virgem Maria nos abençoe!”
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