quarta-feira, 4 de julho de 2018

O Limbo: felicidade natural?



Não se tem que questionar a existência do Limbo, mas ir em busca do que se dá com a alma que lá está ou, ainda, se é um local permanente ou temporário.

O limbo é o lugar para onde vão as almas dos que possuem apenas o pecado original, que por isso mesmo (por possuir o pecado original) não terão a visão beatífica de Deus. Serão afastadas de Deus. Mas, o afastamento de Deus é o que caracteriza o Inferno.


-São Tomás de Aquino, o maior de todos os teólogos ensinou que os não batizados que morreram sem pecado
não sofrem nenhuma dor da perda ou "aflição interior" nihil omnino dolebunt de carentia visionis divinae --
"In Sent.", II, 33, q. ii, a.2). At first ("In Sent.", loc. cit.). São Tomás explica que o limbus infantium
não é apenas um mero estado negativo de imunidade contra o sofrimento e a amargura, mas um estado de
alegria positiva no qual a alma é unida a Deus pelo conhecimento e amor por Ele proporcionado pela
capacidade natural.

Evoca-se daí o entendimento que apresenta parecer ser mais sensato: o de que o limbo faz parte do inferno, o qual, dispondo de penas desiguais, tem no limbo o local mais ameno. 

Pode-se defender que mesmo não há punição no limbo, pois Deus não castiga quem não tem pecado pessoal. Passa-se, então, a conceber a existência de uma certa felicidade natural como sendo o estado da alma que se encontra no limbo.

Aceitando-se que no limbo não há punição, evidencie-se também que não há premiação. Outrossim, há a impossibilidade de ver a Deus. 

A salvação é um prêmio que Deus, por sua justiça, dá aos justos. É Insensatez aceitar que uma alma manchada com o pecado original veja a Deus em tal condição. 

Fora temporário o Limbo dos Patriarcas, pois os justos que viveram antes de Cristo e se encontravam lá até a sua morte, foram levados por Ele ao céu na ressurreição. Com isso, abre-se espaço para uma corrente teológica que admite que Deus possa fazer o mesmo com o Limbo das Crianças. Na consumação dos tempos será dado às almas que lá estejam a oportunidade de optar ou rejeitar definitivamente a Deus. É o que expõe tal tese, que se sente reforçada quando se evidencia que Deus não condenará aquele que não tiver pecado pessoal. Sendo uma ação direta de Deus, é aceitável caracterizar tal acontecimento como sendo o próprio Deus a batizar, pois que, sem o batismo, não se vai ao céu.

A alma no limbo, por não ter conhecido o plano de Deus, não deseja a Deus como aqueles que souberam de Deus. Os que souberam de Deus podem imaginar a doçura da vida com Deus, e ao perderem-se sofrem mais potencialmente tal pena. Em sua visão restrita, a alma no limbo vive uma acomodação ou "satisfação", pois, não sofre penas de castigos provenientes de pecados individuais, mas também não sente falta da alegria que perdeu.

Essa é a visão das próprias almas do Limbo, pois que, na visão das almas gloriosas, se vê quanto sofrimento se dá com a privação de Deus. Podemos comparar àquele experimento quando se coloca uma mão na água fria e outra na água quente e, depois, as duas na água morna. A água morna se apresenta quente e fria ao mesmo tempo, sendo que ela está, na realidade, morna. Ora, diante da água fria, a água morna está quente. Mas, se não tem nenhum referencial, a água está simplesmente morna, uma analogia da chamada felicidade natural do limbo, que seria bem conveniente caracterizá-la como uma pura e total acomodação ao seu estado.


Fonte: Arena da Teologia 

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