O PERDÃO DE MAMÃE ASSUNTA, MÃE DE SANTA MARIA GORETTI.
Véspera de Natal do ano do Senhor de 1937.
Trinta e cinco anos são decorridos daquela tarde ensoalhada da Campanha Romana, em que uma camponezinha de doze anos escreveria para sempre o seu nome entre as virgens que acompanham o Cordeiro Divino. Santa Maria Goreti.
Dia gélido nas terras italianas. O coração do inverno. Em Corinaldo, assim como em todas as aldeias da Itália, as famílias dos lavradores recolhem-se nos estábulos, aquecendo-se com o calor dos animais. Raros transeuntes atravessam as ruas. Só um homem arrasta-se vagarosamente como que alheio a toda essa onda de frio. Cinquenta e cinco anos. Mal vestido. Um tanto curvo. Segue passo a passo para a casa de Assunta Carlini Goretti, mãe de Santa Maria Goretti.
— Quem quer falar com ela? perguntam-lhe.
— Alexandre Serenelli.
Assunta Carlini não tarda a aparecer. Forte ainda, apesar dos seus setenta anos, o cabelo branco a aureolar-lhe o rosto sulcado de rugas, o pobre homem a reconhece perfeitamente. A cena é rápida. Sem mesmo cumprimentá-la, atira-se-lhe aos pés e suplica:
— D. Assunta, perdoe! Pode perdoar-me?
Não imaginemos cenas romanescas, lutas íntimas a preceder a hora final, o coração a bater violentamente. O povo dos campos é o povo simples e a resposta é igualmente simples.
— Como não perdoar? Perdoou o Senhor. Perdoou-lhe minha filha. Como não hei de perdoar eu?
Na manhã seguinte dia de Natal Assunta Carlini e Alexandre Serenelli ajoelhavam-se um ao lado do outro, na mesma mesa da Santíssima Eucaristia.
Quando Assunta Carlini Goretti, mãe de Santa Maria Goretti era interrogada no Processo de Beatificação de sua filha se estava disposta a conceder o perdão ao assassino, não hesitou em responder afirmativamente. Mas· o público protestou: “Nós, porém, não lhe perdoaremos”. Retrucou, então aquela verdadeira cristã: “E se o Senhor não perdoasse a nós?”
Fonte: Valdemar Oporter Illum Regnare
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