Por D. Ildefonso Rodriguez Villar
1º. Interior
Em geral, a modéstia é a virtude que regula todos os atos externos, dando-lhe a devida compostura e decoro..., apresentando-se assim aos olhares do próximo, como qualquer coisa digna, nobre e formosa. Mas a modéstia exterior necessariamente há de proceder da interior, que consiste em moderar e dirigir os movimentos desordenados da alma segundo a divina vontade. A modéstia exterior pode-se fingir e será então um repugnante ato de hipocrisia... A modéstia interior é a única que pode dar vida à modéstia exterior. Não deves, portanto, procurar conseguir uma aparência de modéstia..., uma modéstia postiça e mentirosa, com porte e maneiras externas que pareçam muito modestas, deixando depois que o teu coração seja vítima das baixas inclinações da concupiscência.

Esta modéstia interior, é de duas classes: uma que refreia os movimentos da concupiscência e os atos internos do entendimento..., da imaginação e da vontade, que nos levam ao pecado da impureza..., e a outra modéstia é a que modera os movimentos da alma, que têm relação com a soberba e pelas suas virtudes..., pela sua dignidade, podiam dar-se que não queremos ferir a sua modéstia... e outras vezes admiramos a modéstia de pessoas que pelos seus méritos..., pelas suas virtudes..., pela sua dignidade, podiam dar-se mais importância. Esta modéstia, como se vê, praticamente reduz-se ao exercício da verdadeira humildade; por isso a alma humilde há de ser necessariamente modesta interior e exteriormente.
Quanto a esta modéstia, é evidente que ninguém pôde jamais comparar-se com a Santíssima Virgem; ninguém houve com mais merecimentos, virtudes, santidade, dignidade e grandezas divinas... Quem foi, apesar disso, mais simples..., afável..., caritativa..., pobre e humilde do que Ela? E portanto, quem mais modesta quanto ao desprezo que fazia da importância da sua pessoa e da sua própria excelência?...
E quanto à modéstia oposta à concupiscência, onde encontrar uma ordem mais completa..., uma submissão mais perfeita de todos os seus pensamentos, sentimentos e afeições à regra da razão e desta à vontade de Deus?