terça-feira, 13 de junho de 2023

13 DE JUNHO: SANTO ANTÔNIO DE PÁDUA



 

 Santo Antônio de Lisboa, internacionalmente conhecido como Santo Antônio de Pádua (Lisboa, 15 de Agosto de 1191-1195 [?] - Pádua, 13 de Junho de 1231), de seu nome de batismo Fernando Martins de Bulhões, foi um Doutor da Igreja que viveu na virada dos séculos XII e XIII.


Primeiramente foi frade agostiniano, tendo ingressado como noviço (1210) no Convento de São Vicente de Fora, em Lisboa, indo posteriormente para o Convento de Santa Cruz, em Coimbra, onde fez seus estudos de Direito. Tornou-se franciscano em 1220 e viajou muito, vivendo inicialmente em Portugal, depois na Itália e na França. No ano de 1221 passou a fazer parte do Capítulo Geral da Ordem de Assis, a convite do próprio Francisco, o fundador, que o convidou também a pregar contra os albigenses em França. Foi transferido depois para Bolonha e de seguida para Pádua, onde morreu aos 36 (ou 40) anos.

Sua fama de santidade o levou a ser canonizado pela Igreja Católica pouco depois de falecer, distinguindo-se como teólogo, místico, asceta e, sobretudo, como notável orador e grande taumaturgo. Santo Antônio de Lisboa é também tido como um dos intelectuais mais notáveis de Portugal do período pré-universitário. Tinha grande cultura; as referências ilustrativas que apresentava em seus sermões indicam que ele estava familiarizado com as obras de Plínio, o Velho, Cícero, Sêneca, Boécio, Galeno e Aristóteles, entre outros autores clássicos, sendo versado em diversos aspectos das ciências profanas. Seu grande saber o tornou uma das mais respeitadas figuras da Igreja Católica de seu tempo. Foi o primeiro Doutor da Igreja franciscano, e seu conselho era buscado pelo próprio São Francisco. São Boaventura disse que ele possuía a ciência dos anjos.



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Sua pregação e seus escritos 

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Entre suas várias qualidades, chamou a atenção de seus contemporâneos seu admirável dom como pregador. Muitas descrições de época referem o fascínio que sua fala exercia sobre as multidões de pessoas simples e também sobre clérigos doutos, e, embora o efeito de sua oração a viva voz não possa mais ser recuperado, seu estilo e os conteúdos que abordava podem ser conhecidos em parte através dos 77 sermões que sobreviveram e constam em sua obra publicada em edição crítica, Sermões Dominicais e Festivos, e que são considerados autênticos, conforme disse José Geraldo Freire. São textos eloquentes, persuasivos, cheios de zelo messiânico, sendo frequentes a defesa do pobre e a reprimenda do rico, e o combate às heresias de seu tempo, como as dos albigenses e valdenses, com uma eficácia tanta que lhe foi dado o apelido de malleus hereticorum (o martelo dos heréticos).


Iconografia e Milagres

A sua representação iconográfica de longe mais frequente é a de um jovem tonsurado envergando o hábito dos frades franciscanos, segurando o Menino Jesus sobre um livro ou entre os braços, a quem contempla com expressão terna, e tendo uma cruz, ou um ramo de açucenas, na outra mão. Esses atributos podem ser substituídos por um saco de pão, que distribui entre pobres ou idosos. O milagre da aparição do Menino Jesus ao Santo durante uma de suas orações é uma cena multiplicada abundantemente em sua iconografia. 

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Uma rara representação iconográfica, exclusiva a Portugal e suas ex-colónias, mostra o Santo trajando as vestes de "menino de coro" ou de sacristão, segundo a Tradição que, em adolescente, teria sido "coroinha" na Sé de Lisboa.

Em pintura, o santo pode ser visto em adoração frente a uma aparição do menino, a pregar aos peixes (objeto de um sermão do Padre Antônio Vieira, séculos mais tarde), tal como São Francisco pregava aos pássaros, fazendo que uma mula se ajoelhasse diante de um Ostensório ou achando em um cofre o coração de um avaro. 


Diz a Tradição que em sua curta vida operou muitos milagres, como seguem alguns exemplos: certa feita, meditando a beira-mar sobre a frequente aparição da imagem do peixe nas Escrituras, os peixes teriam se reunido a seus pés para escutá-lo. Restaurou o pé amputado de um jovem; soprou na boca de um noviço para expulsar as tentações que sofria, confirmando-o em sua vocação. Quando hereges colocaram veneno em sua comida para verificar sua santidade, o santo fez o sinal da cruz sobre o alimento, comeu-o e nada sofreu, para o vexame dos seus tentadores.

Também é bastante conhecido um milagre ocorrido durante sua pregação num consistório diante do Papa, inúmeros cardeais e clérigos, e gentes de várias nações, quando, discorrendo com sutilíssimo discernimento sobre intrincadas questões teológicas, todos ouviram sua pregação na sua própria língua materna. Na ocasião, diante de tão assombroso fenômeno, que parecia uma reedição do Pentecostes bíblico, o Papa o teria chamado de "a arca do Testamento, o arsenal da Sagrada Escritura".


Devoção

Ele é considerado padroeiro dos amputados, dos animais, dos estéreis, dos barqueiros, dos velhos, das grávidas, dos pescadores, agricultores, viajantes e marinheiros; dos cavalos e burros; dos pobres e dos oprimidos; é padroeiro de Portugal, e é invocado para acharem-se coisas perdidas, para evitar naufrágios, para conseguir casamento.

A devoção popular o colocou entre os santos mais amados do Cristianismo, cercou-o de riquíssimo folclore e lhe atribui até os dias de hoje inúmeros milagres e graças. Igrejas a ele consagradas se multiplicam pelo mundo, tem vasta iconografia erudita e popular. A bibliografia devocional que ele inspira é volumosa, e em sua homenagem uma quantidade incontável de pessoas recebeu o nome Antônio, além de inúmeras cidades, bairros e outros logradouros públicos, empresas e mesmo produtos comerciais em todo o mundo também têm seu nome.

É um dos Santos honrados nas popularíssimas Festas Juninas, e diversos costumes folclóricos estão ligados ao Santo. 


Santo Antônio de Lisboa é enfim comumente considerado como um santo casamenteiro; segundo a lenda, era um excelente conciliador de casais. A título de exemplo, no Brasil moças casadoiras retiram o Menino Jesus das estátuas e só o devolvem quando arrumam casamento. Por esse motivo, alguns párocos mandavam fazer a estátua do santo com o Menino Jesus preso ao corpo do santo, evitando assim o seu sequestro. Outras jovens colocam a imagem de cabeça para baixo, dizem que só a mudariam de posição quando Santo Antônio lhes arranjasse marido. 

Outro facto pitoresco digno de nota é quando a estátua se parte nestas lides - nesse caso, os cacos devem ser juntos e deixados num cemitério. 

Numa cerimônia, conhecida como trezena (por ter a duração de treze dias), os fiéis entoam cânticos, soltam fogos, e celebram comes e bebes junto a uma fogueira com o formato de um quadrado. Essa festança acontece entre 1º e 13 de Junho - é a famosa festa de Santo Antônio

Uma prece especial – os "responsos" (no que é similar a São Longuinho, invocado mais frequentemente no Brasil do que em Portugal) – é feita para que ele ajude a encontrar objetos perdidos; no dia de sua festa muitas igrejas distribuem um pão especialmente abençoado, os "pãezinhos de Santo Antônio", que deve ser guardado em uma lata de mantimentos para que não falte alimento na casa. Há quem diga que o pão não mofa, mantendo-se íntegro pelo período de um ano. 

Ele teve inclusive uma brilhante carreira militar póstuma. Inúmeras cidades da Espanha, Portugal e Brasil lhe conferiram títulos militares, condecorações, insígnias e outras honrarias, iniciando-se o curioso hábito quando o regente Dom Pedro ordenou, em 1668, que ele fosse recrutado e assentasse praça como soldado raso no II Regimento de Infantaria em Lagos, sendo promovido sucessivamente a capitão coronel. Com o posto de tenente-coronel, sua imagem foi levada pelo XIX Regimento de Infantaria em Cascais à frente dos combates da Guerra Peninsular, recebendo depois uma condecoração. Dom João VI, após o feliz desembarque no Brasil em sua fuga da invasão napoleônica, o nomeou sargento-mor, promovendo-o depois a tenente-coronel. No Brasil foi onde recebeu mais títulos, recebendo inclusive soldo em vários locais, mesmo depois de proclamada a República. Em Igarassu, foi nomeado oficialmente Protetor da Câmara de Vereadores.

Sua fama de santidade era tamanha que foi canonizado logo no ano seguinte, em 30 de maio, pelo Papa Gregório IX. Os seus restos mortais repousam desde 1263 na Basílica de Santo Antônio de Pádua, construída em sua memória logo após sua canonização. Quando sua tumba foi aberta para iniciar o processo de translado, sua língua foi encontrada incorrupta, e São Boaventura, presente no ato, disse que o milagre era prova de que sua pregação era inspirada por Deus. E incorrupta está até hoje, em exposição na Capela das Relíquias da Basílica. Foi proclamado Doutor da Igreja pelo Papa Pio XII em 16 de janeiro de 1946, e é comemorado no dia 13 de junho. 


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