A Missa Católica chamada Missa Tradicional, Missa Tridentina ou Missa de São Pio V está composta por duas partes, a saber, a parte essencial, que são os elementos instituídos por Nosso Senhor Jesus Cristo e as palavras e cerimônias que estão à sua volta.
Os elementos essenciais da Santa Missa, que foram instituídos por Cristo mesmo na Última Ceia, são:
1) A matéria: pão e vinho;
2) A forma, ou seja, as palavras: “Este é o Meu Corpo” e “Este é o Cálice do Meu Sangue…”;
3) Um sacerdote validamente ordenado que,
4) tenha a intenção de fazer o que a Igreja faz na confecção deste Sacramento.
As palavras e cerimônias que envolvem estes elementos essenciais foram-se desenvolvendo e adquirindo forma através dos anos até alcançar a forma que chegou aos nossos dias. A seguir, faremos uma muito breve resenha do desenrolar destas palavras e cerimônias.
Durante os séculos I e II, essas palavras de Cristo estiveram rodeadas por uma liturgia inicial que, pouco a pouco, foi desenrolando-se e germinando no Oriente e Ocidente do império romano. Todas as partes da Missa apareceram já no século III e foi no século IV que o rito romano ficou plenamente conformado e, mais concretamente, durante o pontificado do Papa São Dâmaso (366-384).
Diremos que até São Gregório Magno (590-604) não existia um Missal Oficial com o Próprio das missas do ano. O líber Sacramentorum foi redigido, por encargo de São Gregório no princípio de seu pontificado, para serviço e uso das Stationes que tinham lugar em Roma, quer dizer, para a liturgia pontifical. Pode-se dizer que este Missal contém agora quase a mesma Missa Tradicional tal como chegou a nossos dias, posto que as modificações ou adições que São Pio V (1566-1572) efetuou ao codificar o seu Missal Romano foram muito pequenas.
Portanto, podemos assegurar que a Missa que atualmente se diz de São Pio V, ou Missa Tradicional, não é outra senão o rito romano tal qual o encontramos, em suas partes mais importantes, no século IV, tendo sido posteriormente imprimido, pela primeira vez, num Missal por São Gregório Magno.
O Cânon da Missa, aparte alguns retoques efetuados por São Gregório Magno, alcança com São Gelásio I (492-496), a forma que tem conservado até hoje. Os Romanos Pontífices não deixaram de insistir desde o século V sobre a importância de adotar o Cânon Missae Romanae, dado que este remonta a nada menos do que ao mesmo Apóstolo Pedro.
Mas no que respeita às outras partes do Ordo, como pelo Próprio das missas, respeitaram o uso das igrejas locais. Assim, São Pio V codifica a Missa Romana na sua forma mais pura segundo a indicação do Concílio de Trento (1545-1563).
“O sacrifício cumpra-se segundo o mesmo rito para todos e por todos, de forma que a Igreja de Deus não tenha mais do que uma mesma língua… que os missais sejam restaurados segundo o uso e costumes antigos da Missa Romana”. O Missal assim restaurado foi promulgado no dia 19 de Julho de 1570 pela Bula Quo Primum Tempore, dando a conhecer duma forma particularmente solene. A bula precisa duma forma muito clara que não se trata de um novo rito, mas de um missal revisto e corrigido”.
No Catecismo Maior de São Pio X, encontramos a seguinte definição do que é a Santa Missa: “A Santa Missa é o Sacrifício do Corpo e Sangue de Jesus Cristo, que se oferece sobre os nossos altares sob as espécies do pão e do vinho em memória do sacrifício da Cruz” (no. 655), “é substancialmente o mesmo que o da Cruz…” (no. 656), “na Cruz, Jesus Cristo se ofereceu derramando o seu sangue e merecendo por nós, enquanto que nos nossos altares Ele mesmo se sacrifica sem derramar sangue e nos aplica os frutos da sua paixão e morte (no. 657).
O Concílio de Trento declara que a Missa é um Sacrifício verdadeiramente oferecido pelo sacerdote oficiante, pela virtude do seu sacerdócio, in persona Christi, quer dizer, no lugar de Cristo, que é simultaneamente o Sacerdote e a Vítima, sendo a Missa o mesmo Sacrifício da Cruz.
Na Cruz, o Sacerdote que oferece o Sacrifício é Nosso Senhor Jesus Cristo, Sumo e Eterno Sacerdote; a Vítima oferecida é também Nosso Senhor e o Padre Eterno é a quem este Sacrifício é oferecido. No santo Sacrifício da Missa, o sacerdote que oferece o Sacrifício é Nosso Senhor mesmo, agora que o celebrante atua in persona Christi. A Vítima do Sacrifício é Nosso Senhor Jesus Cristo, real e substancialmente presenteem Seu Corpo, Sangue, Alma e Divindade, sob as aparências do pão e do vinho. E, finalmente, O que recebe o Sacrifício é Deus Pai.
Desta maneira, vemos que os elementos essenciais do sacrifício (Sacerdote, Vítima e Recipiente), são exatamente os mesmos na Cruz e na Missa.
A Missa, de fato, é o mesmo Sacrifício da Cruz, com a diferença de que não é cruento. Tal sacrifício tem quatro finalidades: 1) Sacrifício de adoração; 2) Sacrifício eucarístico (quer dizer, de ação de graças); 3) Sacrifício propiciatório (para dar-Lhe alguma satisfação por nossos pecados e oferecer-Lhe sufrágios para as almas do purgatório); 4) Sacrifício de petição destinado a apresentar uma súplica.
Concluímos que ao assistir à Santa Missa Tradicional com as disposições necessárias, nos fazemos participantes dos méritos que Nosso Senhor obteve para nós no Santo Sacrifício da Cruz.
[1] J. G. Treviño, Lecciones practicadas de Liturgia, México D.F. sin fecha, pág. 5.
[2] Gregorio Martínez de Antoñana, Manual de Sagrada Liturgia, Madrid, ed Coculsa, 1957 pág. 1 no 1.
[3] Papa Pío XII, Encíclica Mediator Dei.
Nenhum comentário:
Postar um comentário