domingo, 23 de novembro de 2014

Origem, desenvolvimento e definição da Missa Católica Tradicional



A Missa Católica chamada Missa Tradicional, Missa Tridentina ou Missa de São Pio V está composta por duas partes, a saber, a parte essencial, que são os elementos instituídos por Nosso Senhor Jesus Cristo e as palavras e cerimônias que estão à sua volta.

Os elementos essenciais da Santa Missa, que foram instituídos por Cristo mesmo na Última Ceia, são:

1) A matéria: pão e vinho;

2) A forma, ou seja, as palavras: “Este é o Meu Corpo” e “Este é o Cálice do Meu Sangue…”;

3) Um sacerdote validamente ordenado que,

4) tenha a intenção de fazer o que a Igreja faz na confecção deste Sacramento.

As palavras e cerimônias que envolvem estes elementos essenciais foram-se desenvolvendo e adquirindo forma através dos anos até alcançar a forma que chegou aos nossos dias. A seguir, faremos uma muito breve resenha do desenrolar destas palavras e cerimônias.

Durante os séculos I e II, essas palavras de Cristo estiveram rodeadas por uma liturgia inicial que, pouco a pouco, foi desenrolando-se e germinando no Oriente e Ocidente do império romano. Todas as partes da Missa apareceram já no século III e foi no século IV que o rito romano ficou plenamente conformado e, mais concretamente, durante o pontificado do Papa São Dâmaso (366-384).

Diremos que até São Gregório Magno (590-604) não existia um Missal Oficial com o Próprio das missas do ano. O líber Sacramentorum foi redigido, por encargo de São Gregório no princípio de seu pontificado, para serviço e uso das Stationes que tinham lugar em Roma, quer dizer, para a liturgia pontifical. Pode-se dizer que este Missal contém agora quase a mesma Missa Tradicional tal como chegou a nossos dias, posto que as modificações ou adições que São Pio V (1566-1572) efetuou ao codificar o seu Missal Romano foram muito pequenas.

Portanto, podemos assegurar que a Missa que atualmente se diz de São Pio V, ou Missa Tradicional, não é outra senão o rito romano tal qual o encontramos, em suas partes mais importantes, no século IV, tendo sido posteriormente imprimido, pela primeira vez, num Missal por São Gregório Magno.

Cânon da Missa, aparte alguns retoques efetuados por São Gregório Magno, alcança com São Gelásio I (492-496), a forma que tem conservado até hoje. Os Romanos Pontífices não deixaram de insistir desde o século V sobre a importância de adotar o Cânon Missae Romanae, dado que este remonta a nada menos do que ao mesmo Apóstolo Pedro.

Mas no que respeita às outras partes do Ordo, como pelo Próprio das missas, respeitaram o uso das igrejas locais. Assim, São Pio V codifica a Missa Romana na sua forma mais pura segundo a indicação do Concílio de Trento (1545-1563).

“O sacrifício cumpra-se segundo o mesmo rito para todos e por todos, de forma que a Igreja de Deus não tenha mais do que uma mesma língua… que os missais sejam restaurados segundo o uso e costumes antigos da Missa Romana”. O Missal assim restaurado foi promulgado no dia 19 de Julho de 1570 pela Bula Quo Primum Tempore, dando a conhecer duma forma particularmente solene. A bula precisa duma forma muito clara que não se trata de um novo rito, mas de um missal revisto e corrigido”.

No Catecismo Maior de São Pio X, encontramos a seguinte definição do que é a Santa Missa: “A Santa Missa é o Sacrifício do Corpo e Sangue de Jesus Cristo, que se oferece sobre os nossos altares sob as espécies do pão e do vinho em memória do sacrifício da Cruz” (no. 655), “é substancialmente o mesmo que o da Cruz…” (no. 656), “na Cruz, Jesus Cristo se ofereceu derramando o seu sangue e merecendo por nós, enquanto que nos nossos altares Ele mesmo se sacrifica sem derramar sangue e nos aplica os frutos da sua paixão e morte (no. 657).

O Concílio de Trento declara que a Missa é um Sacrifício verdadeiramente oferecido pelo sacerdote oficiante, pela virtude do seu sacerdócio, in persona Christi, quer dizer, no lugar de Cristo, que é simultaneamente o Sacerdote e a Vítima, sendo a Missa o mesmo Sacrifício da Cruz.

Na Cruz, o Sacerdote que oferece o Sacrifício é Nosso Senhor Jesus Cristo, Sumo e Eterno Sacerdote; a Vítima oferecida é também Nosso Senhor e o Padre Eterno é a quem este Sacrifício é oferecido. No santo Sacrifício da Missa, o sacerdote que oferece o Sacrifício é Nosso Senhor mesmo, agora que o celebrante atua in persona Christi. A Vítima do Sacrifício é Nosso Senhor Jesus Cristo, real e substancialmente presenteem Seu Corpo, Sangue, Alma e Divindade, sob as aparências do pão e do vinho. E, finalmente, O que recebe o Sacrifício é Deus Pai.

Desta maneira, vemos que os elementos essenciais do sacrifício (Sacerdote, Vítima e Recipiente), são exatamente os mesmos na Cruz e na Missa.

A Missa, de fato, é o mesmo Sacrifício da Cruz, com a diferença de que não é cruento. Tal sacrifício tem quatro finalidades: 1) Sacrifício de adoração; 2) Sacrifício eucarístico (quer dizer, de ação de graças); 3) Sacrifício propiciatório (para dar-Lhe alguma satisfação por nossos pecados e oferecer-Lhe sufrágios para as almas do purgatório); 4) Sacrifício de petição destinado a apresentar uma súplica.

Concluímos que ao assistir à Santa Missa Tradicional com as disposições necessárias, nos fazemos participantes dos méritos que Nosso Senhor obteve para nós no Santo Sacrifício da Cruz.

[1] J. G. Treviño, Lecciones practicadas de Liturgia, México D.F. sin fecha, pág. 5.
[2] Gregorio Martínez de Antoñana, Manual de Sagrada Liturgia, Madrid, ed Coculsa, 1957 pág. 1 no 1.
[3] Papa Pío XII, Encíclica Mediator Dei.

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