Uma idéia comum de se ouvir hoje em dia, seja nos meios “católicos” liberais, seja nos meios declaradamente anti-católicos, é a de que não deve haver luxo nas templos, nem nos paramentos litúrgicos, porque a Igreja deveria ser pobre como o foi Cristo. Essa heresia da pobreza necessária da Igreja é um tema complexo. Não tendo a menor intenção de esgotar o assunto, muito pelo contrário, no presente artigo pretendemos nos restringir a responder a seguinte questão: “Será que se deve gastar tanto dinheiro com templos suntuosos e com paramentos litúrgicos?”
Essa questão, sempre acompanhada de uma sentimental lembrança da quantidade de pobres no mundo, esconde uma perversidade diabólica. Dizemos isso literalmente, e sem desejar utilizar qualquer figura de linguagem. E é simples demonstrar essa afirmação. Para quem se faz o culto? Desde a triste criação da missa nova – impiedosamente imposta pelos progressistas – a noção que se tem é a de que a missa é feita para o povo. Ela é rezada na língua local, com o padre olhando para a assembléia, que parecem estar todos ao redor de uma mesa. A participação dos leigos nas leituras, os “ministros” que distribuem a eucaristia, as infames brincadeirinhas dos padres sem graça, tudo contribui para um clima de festa, cujo objetivo seria o de agradar o povo. A missa nova parece um culto protestante: ambos parecem feitos para o homem.
Quão longe da verdade está perspectiva humanística do culto! A resposta à pergunta “Para quem se faz o culto?” é simplesmente: para Deus. O culto não é feito para o povo, o culto é feito para Deus. A assembléia assiste à Missa, que é celebrada pelo sacerdote, para Deus. É por isso que, na missa católica de verdade, o padre se volta para o altar, e não para o povo, porque é sobre o altar que é oferecido o sacrifício, que é a renovação incruenta do Calvário. Daí toda a transcendência da Missa Tridentina: ela é toda centrada em Deus.
Somente pelo que já foi exposto, já não deveria haver quem ousasse negar um culto a Deus, que fosse o mais perfeito possível, o mais pomposo e o mais sublime. Mas vamos continuar com uma citação bíblica, a do livro do Êxodo, em seu capítulo XXVIII. Esse capítulo trata, todo ele, das vestes litúrgicas que o próprio Deus determinou aos sacerdotes que utilizassem em seus ofícios. Vejamos alguns trechos:
2. Farás para teu irmão Aarão vestes sagradas em sinal de dignidade e de ornato.
4. Eis as vestes que deverão fazer: um peitoral, um efod, um manto, uma túnica bordada, um turbante e uma cintura. Tais são as vestes que farão para teu irmão Aarão e para os seus filhos, a fim de que sejam sacerdotes a meu serviço; 5. empregarão ouro, púrpura violeta e escarlate, carmesim e linho fino.
6. O efod será feito de ouro, de púrpura violeta e escarlate, de carmesim e de linho fino retorcido, artisticamente tecidos.
8. O cinto que se passará sobre o efod para fixá-lo será feito do mesmo trabalho e fará com ele uma só peça: ouro, púrpura violeta e escarlate, carmesim e linho fino retorcido.
9. Tomarás duas pedras de ônix e gravarás nelas o nome dos filhos de Israel 11. (…) e as duas pedras serão encaixadas em filigranas de ouro.
15. Farás um peitoral de julgamento artisticamente trabalhado, do mesmo tecido que o efod: ouro, púrpura violeta e escarlate, carmesim e linho fino retorcido. 17. Guarnecê-lo-ás com quatro fileiras de pedrarias. Primeira fileira: um sárdio, um topázio e uma esmeralda; 18. Segunda fileira: um rubi, uma safira, um diamante; 19. terceira fileira: uma opala, uma ágata e uma ametista; 20. quarta fileira: um crisólito, um ônix e um jaspe. Serão engastadas em uma filigrana de ouro.
(…) 43. Aarão e seus filhos os levarão quando entrarem na tenda de reunião, ou quando se aproximarem do altar para fazer o serviço do santuário, sob pena de incorrerem numa falta mortal. Esta é uma lei perpétua para Aarão e sua posteridade.”
O texto aqui transcrito foi bastante resumido, mas já é suficiente para dar-nos a noção do quão belas eram as vestes que o próprio Deus determinou que os Seus sacerdotes utilizassem. E isto, sob pena de incorrerem numa falta mortal (v. 43) caso não as utilizassem.
Tudo o que nós homens podemos oferecer ao Deus Altíssimo é tão pouco comparado à Sua infinita Majestade, e ainda há perversos que querem diminuir a pompa, a elevação e o esplendor do culto. Dignum et justum est – é digno e justo glorificarmos a Deus. Que não passe por nossas cabeças defender essas perversas idéias que tentam negar a glória devida ao Deus Altíssimo, esvaziando a liturgia que Ele mesmo nos ensinou como deveria ser celebrada. E quanto aos problemas do mundo, como a pobreza, nós nos esforcemos para combatê-los com os meios apropriados, sem jamais cair na falácia de que podemos tirar algo daquilo que é devido a Deus.
Fonte:http://intribulationepatientes.wordpress.com/
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