quarta-feira, 31 de julho de 2019

Católico pode pertencer ao Rotary Club?


Resposta 1:

O Rotary Club atrai a muitos homens de ideal pelos pontos capitais do seu programa: "Camaradagem sincera, filantropia séria e paz mundial". Três pontos aos quais um quarto foi recentemente acrescentado, dada a poderosa ameaça do comunismo contemporâneo: "Defesa da cultura e da democracia", ou seja, "liberdade do indivíduo, do pensamento, da palavra e das associações; liberdade de culto". Na vida prática, o Rotary exerce a filantropia, dispensando proteção principalmente aos sócios necessitados, garantindo-lhes a carreira ou o exercício da profissão nas circunstancias difíceis da luta cotidiana; também muito tem auxiliado aos homens de negócios e indústria que se lhe filiam.

A Sociedade tem-se difundido cada vez mais, mormente entre as elites, que se reúnem em banquetes de grande estilo. Os seus dirigentes fazem severa seleção entre os candidatos a fim de manter o seu caráter de elite.

Contudo, as autoridades da Igreja repetidamente tem manifestado reservas frente ao Rotary. A última e mais importante declaração emanou diretamente da Suprema Congregação do Santo Oficio aos 11 de Janeiro de 1951 nos termos seguintes:

-Esta Suprema e Sagrada congregação foi interpelada sobre a questão: será lícito que católicos se filiem à Associação que se chama Rotary Club? Os Eminentíssimos e Reverendíssimos Senhores Cardeais encarregados da proteção da fé e da moral, após ter ouvido os pareceres dos Reverendíssímos Senhores Consultores, decretaram na sessão plenária de quarta-feira 20 de Abril de 1950 o seguinte:

Aos clérigos não è permitido associar-se ao Rotary Club nem assistir às reuniões.
Os leigos sejam advertidos de que devem observar as prescrições do cânon 684 do Código de Direito Canônico.
E no dia 26 de Dezembro, Sua Santidade Nosso Senhor Pio XII, pela Providência Divina Papa, em audiência concedida ao Exmo. Sr. Assessor do Santo Ofício, aprovou e mandou publicar a resolução dos Eminentíssimos Padres.
Dado em Roma, na sede do Santo Ofício, aos 11 de Janeiro de 1951. — (Ass) Marinus Marani, Notário da Suprema e Sagrada Congregação do Santo Oficio."


Eis o citado cânon 684, que o decreto corrobora:

"Os fiéis são dignos de louvores quando se agregam a associações fundadas ou, pelo menos, recomendadas pela Igreja. Evitem, porém, associações secretas, condenadas, sediciosas, suspeitas ou que tentam subtrair-se à legítima vigilância da Igreja."

Lembrando aos fiéis este cânon 684, o Santo Ofício não entende classificar o Rotary entre as sociedades secretas nem entre as condenadas, mas, sim, entre "as suspeitas e as que tentam subtrair-se à legitima vigilância da Igreja".
E em que se baseiam tais admoestações?

O Rotary Club se propõe exercer a filantropia; não faz, porém, menção de Deus, professando neutralidade (que não é hostilidade) diante das diversas confissões religiosas e do ateísmo. Ora é este agnosticismo que fere a consciência católica. Com efeito, não se pode querer promover o bem da humanidade sem que, explicitamente e desde o início do empreendimento, se leve em conta a Deus; quando se trata de definir o homem e seu bem-estar. Deus não é entidade adventícia e dispensável; o Altíssimo é sempre o Primeiro Valor, que na realidade está intimamente presente à sociedade e aos indivíduos, e destes pede o devido reconhecimento.

Entre a profissão explícita de Deus e a negação de Deus não há meio termo: "Quem não é por Mim, é contra Mim, e quem não congrega comigo, dispersa", disse Jesus (Mt 12,30).

Se o Rotary procurasse apenas aperfeiçoar o homem em determinado setor de suas atividades — na ciência, nas artes, na técnica — ninguém exigiria que professasse explicitamente o nome de Deus, pois ciências e artes dizem respeito a um aspecto apenas do homem (há, de fato, institutos técnicos que preenchem a sua finalidade sem colocar no seu programa alguma profissão religiosa). Desde, porém, que se queira apreender o homem todo, o homem como homem, e promover seus interesses capitais (éticos), não pode deixar de entrar em jogo a questão do Fim último a que se destina a humanidade. Ora o Fim último é um só, é o Deus da Revelação cristã; quem não se encaminha explicitamente para Ele, mantendo no foro público uma indiferença consciente e voluntária (note-se bem: não se trata da indiferença do ignorante), não pode deixar de dar passos errados. É por isto que a Igreja julga ter o dever e vigiar sobre a conduta de seus filhos frente ao Rotary Club.

O fato de que este deixe toda a liberdade de culto aos seus membros, permite haja agremiações de rotarianos em que os católicos predominam e, por conseguinte, uma autêntica filantropia é praticada (ainda assim não é de desejar que os católicos, ao exercerem o amor ao próximo, entrem em moldes de neutralidade religiosa oficial; tal atitude tende a embotar a consciência cristã; é artificial para o autêntico católico). Dado, porém, que prepondere no núcleo rotariano o grupo não-católico ou ateu, a filantropia há de pedir, cedo ou tarde, orientação ao erro religioso ou ao ateísmo; pois virá à baila entre os sócios a questão da finalidade suprema a que se destina o gênero humano.

O indiferentismo religioso professado pelo Rotary se explica, em última análise, pela origem maçônica desta entidade. Ainda hoje em muitos clubes do Rotary predomina a influência dos maçons, que, após observação atenta, convidam seus companheiros mais ativos a entrar no Grande Oriente.

Por fim, diga-se que não é necessário filiar-se ao Rotary para propugnar os ideais que este apregoa: o católico encontra no grêmio da Igreja sociedades análogas (tenha-se em vista a mais semelhante ao Rotary, que é a dos "Cavaleiros de Colombo”, onde pode-se praticar o ideal da filantropia, sem abstrair do Deus Vivo, do Primeiro de todos os valores!

Fonte: Dom
 Estêvão Bettencourt

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Resposta 2:

Resposta. Não cabe no curto espaço reservado à secção de "Correspondência" uma exposição completa sobre o "Rotary Club". Mas é fácil reproduzir aqui a norma de procedimento que, quanto a ele, deve manter todo católico. A Igreja considera suspeita essa associação, e manda que os Sacerdotes desviem os fiéis de a ela se filiarem. É o que lemos, por exemplo, no decreto 146, § 1o, do Concilio Plenário Brasileiro: "Segundo o prescrito no Canon 684, os Sacerdotes, e sobretudo os Párocos, exortem os fiéis a que... se acautelem quanto às associações condenadas ou suspeitas, como por exemplo a protestante Associação Cristã dos Moços e o Rotary Club".
Para o católico basta esta reserva da Igreja, para ditar sua atitude perante tal sociedade. A Igreja é Mãe, e é assistida pelo Espírito Santo em tudo que respeita à edificação de seus filhos.
E aliás a experiência tem mostrado que a adesão ao Rotary acarreta um entibiamento na vida de piedade, quando não o relaxamento no cumprimento dos deveres essenciais impostos pela condição de católico.
Não é preciso procurar muito para encontrar a razão disso. O Rotary se propõe fins culturais que afetam os elementos constitutivos de uma civilização. Ora, na prossecução destes fins, pretende ele conservar-se equidistante de todas as "confissões religiosas". "De política e religião não se cogita nesse grêmio admirável", escrevia há alguns anos um rotariano de projeção em nosso país. Em outras palavras, pretende o Rotary fundar sua obra de elevação da sociedade numa moral leiga, ou, na melhor das hipóteses, numa religiosidade vaga, que evita ferir as crenças divergentes dos seus membros. Precisamente o que, com expressões enérgicas, condenou o Papa São Pio X ao proscrever o movimento cultural francês conhecido pelo nome de "Le Sillon", na Carta "Notre Charge Apostolique".
Apesar de todas as manifestações de respeito de muitos rotarianos para com a Religião, não é de admirar que a Igreja advirta do perigo que para os fiéis representa o filiar-se a um grêmio que lhes vicia o próprio fundamento da concepção que devem ter da sociedade e da civilização. “Sine fide impossibile est placere Deo". Também sem a fé, sem a adesão à Igreja, é impossível criar uma civilização, renovar e elevar a sociedade, de maneira a que corresponda aos desígnios de Deus, e portanto também ao bem da humanidade.

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