segunda-feira, 10 de agosto de 2020

Santa Filomena

 


Festa: 11 de agosto. Comemora-se também todo dia 10.

(Santa Filomena à Serva de Deus Maria Luisa de Jesus, Terciária Dominicana, fundadora da Ordem das Oblatas de Nossa Senhora das Dores.)


Nasci a 10 de Janeiro, e chamaram-me Lumena ou Luz, porque nascera sob a luz da fé a que meus pais votavam ardente devoção. Deram-me no batismo o nome de Filomena, isto é, amiga da Luz que me iluminou a alma pela graça desse Sacramento.


Tivemos de ir a Roma ter com o imperador soberbo e poderoso em virtude de sua injusta declaração de guerra. Instantemente alegara-lhe a causa o meu pai, ao que cedera o imperador, mas somente pela condição de dar a minha mão em casamento a ele. Bem o vi seus furtivos olhares que me lançava durante a audiência. Após repetidas instâncias e dos mais diversos modos, ameaças e lisonjas, não conseguiu demover-me do voto, e lançou-me à prisão, com bolas de ferro atadas aos pés, e dando-me de alimento pão e água. 


Eis a Virgem Maria me aparece passadas essas cenas, e depois de tanto a ela me encomendar, me consolando e fortificando-me em meu propósito. Bondosamente enviou-me seu Arcanjo Gabriel, que com ela sempre esteve em vida, cujo nome Ela disse significa “força de Deus”. Disse-me a tão boa mãe que em poucos dias abandonaria o lugar de tormento, sofrendo, todavia, antes disso, severas torturas, e cheguei mesmo a ser atada à coluna e asperamente flagelada. Ao ouvir, contudo, as palavras animadoras da Virgem, enchi-me de alegria e força, e o pavor se dissipou. 


Vendo o imperador que minha resolução permanecia indelével, e estando eu numa só chaga, enviou-me à prisão onde havia de agonizar e morrer. Estava eu lançando o meu pensamento para além da morte, esperando descansar no seio do meu Esposo, quando me apareceram dois anjos resplandecentes e derramaram um bálsamo celestial sobre as minhas feridas: estava curada. Ao ver-me curada e mais bela que o normal, mais ainda instou o imperador, sem frutos, e disse que tal benefício adviera das mãos de Júpiter, pois a mim a coroa imperial estava destinada. O Espírito Santo inspirou-me e refutei aquele sofisma, ao mesmo tempo que resisti às blandícias do Imperador.


Louco de raiva, deu ordem para que me prendessem ao pescoço uma âncora de ferro e me lançassem ao Tibre. Mas Jesus, para mostrar o seu poder e confundir os falsos deuses, mais uma vez mandou em meu auxilio os seus dois anjos que cortaram a corda e a âncora caiu no fundo do rio, onde ficou encravada no lodo.


Trouxeram-me então para a margem, sem que uma gota de água tivesse tocado nas minhas roupas. Este milagre converteu um grande número dos que o presenciaram. Diocleciano, mais obstinadamente cego que o Faraó, declarou então que eu devia ser feiticeira e ordenou que me trespassassem de setas. Mortalmente ferida, quase morta, uma vez mais fui atirada para a prisão. Em vez da morte, que muito naturalmente devia ter vindo, o Altíssimo fez-me dormir um sono reparador, depois do qual acordei ainda mais bela do que era.


Ao ter notícia deste novo milagre, o Imperador ficou de tal maneira enfurecido, que ordenou a repetição da tortura até que a morte sobreviesse enfim; mas as setas recusaram-se a partir dos arcos. Diocleciano insistia em que semelhante facto era determinado por um poder mágico e, na esperança de que esse encantamento se aniquilasse diante do fogo, deu ordem para que as setas fossem aquecidas numa fornalha até ficaram rubras. Mas este expediente foi de nulo efeito: o meu Divino Esposo livrou-me desse tormento voltando as setas contra os besteiros, seis dos quais foram mortos. Este último milagre deu lugar a outras conversões e o povo começou a manifestar grave descontentamento e a mostrar reverência pela nossa bendita fé. 


Receando mais sérias consequências, o tirano ordenou então que eu fosse decapitada. A minha alma gloriosa e triunfante ascendeu ao Céu onde recebi a coroa da virgindade que mereci por tão grande número de vitórias. Foi às três horas da tarde de 10 de Agosto numa sexta-feira. Eis aqui as razões por que Nosso Senhor quis que o meu corpo fosse reconduzido para Mugnano em 10 de Agosto e por que Ele operou tantos milagres nessa ocasião.


Estas revelações foram editadas num livro que mereceu a autorização de imprimatur (pode imprimir-se) por parte do Santo Ofício (atual Congregação para a Doutrina da Fé) em 21 de Dezembro de 1833.


Stefano Lembi, S. Filomena, 1867, Chiesa di S. Michele in Foro, Lucca



ORAÇÃO


Senhor, que glorificastes Santa Filomena com a dupla coroa da virgindade e do martírio, concedei-nos, por sua intercessão, a graça de Vencermos corajosamente todo o mal e de chegarmos à glória do Céu. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

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