terça-feira, 19 de abril de 2016

A CRISE ECLESIÁSTICA NO FIM DOS TEMPOS

“É certeza que, à medida que o mundo se aproxima do fim, os perversos e os sedutores terão cada vez mais o predomínio.

A Fé mal se encontrará mais na terra, ou seja, ela terá quase completamente desaparecido das instituições deste mundo.

Mesmo os que acreditam quase não ousarão professar suas crenças de modo público e coletivo.

A cisão, a separação, o divórcio das sociedades com Deus, que é dado por São Paulo como sinal do fim próximo (‘nisi venerit discessio primum’), tornar-se-á cada dia mais absoluto.

A Igreja, embora é claro que ainda uma sociedade visível, será cada vez mais reduzida a proporções individuais e domésticas. Ela que, em seus tenros dias, clamou: ‘o lugar é estreito, dai-me espaço para habitar’, verá cada polegada de seu território sob ataque. E finalmente a Igreja na terra padecerá verdadeira derrota: ‘foi-lhe permitido fazer guerra aos santos e vencê-los.’ (Apocalipse 13,7)  A insolência do mal estará no ápice.

Agora, nesse extremo, qual será o dever que permanece para todos os verdadeiros cristãos, para todos os homens de fé e coragem?

A resposta é esta: instigados a um vigor sempre maior pela aparente desesperança de seu apuro, eles redobrarão seu ardor na oração, sua energia nas obras e sua coragem no combate, para que cada uma de suas palavras e obras clame em uníssono:

‘Ó Deus, Pai nosso, que estais no Céu,
Santificado seja o Vosso Nome, assim na terra como no Céu,
Venha a nós o Vosso Reino, assim na terra como no Céu,
Seja feita a Vossa Vontade, assim na terra como no Céu, Sicut in coelo…et in terra!’

E eles estarão ainda murmurando estas palavras ao ser a terra tirada de baixo de seus pés. E, assim como no passado, após calamidade comparável, o Senado Romano e todas as fileiras do estado, certa vez, saíram para cumprimentar o derrotado cônsul [Varrão] em seu retorno e para honrá-lo por não desesperar da República (‘quod de re publica non desperasset’), assim também o senado celestial, todos os coros dos Anjos e todas as fileiras dos Bem-Aventurados saem para dar as boas-vindas aos generosos atletas que continuaram o combate até o final, esperando contra a esperança mesma, ‘contra spem in spem’ (Romanos 4,17).”


(Cardeal Pie, 1815-1880).





“Nenhuma violência é feita à liberdade do homem. O divino Espírito permite ao homem experimentar tudo, mas Ele continua a realizar Sua missão. Que haja vacância de quatro anos da Santa Sé, que antipapas surjam, sustentados pelo favor popular em alguns círculos e pela fraqueza em outros; que um longo cisma torne duvidosa a legitimidade de diversos pontífices…o Espírito Santo permitirá que a provação chegue a seu termo, reforçando entrementes a fé, esperança e caridade dos fiéis: eventualmente, no tempo designado, Ele apresentará Seu escolhido, que a Igreja inteira receberá com aclamação.”

(Dom Guéranger, Jesus Cristo, Rei da História).

Nenhum comentário:

Postar um comentário