quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Seguidores de Bento XVI guiam-se pelas aparências



Algumas máximas que nos foram deixadas por Deus infelizmente não servem de norte para a maioria dos católicos nominais. Eis uma norma básica e fundamental a qual é ignorada pelos defensores de Bento XVI:

"Não julgueis pela aparência, mas julgai conforme a justiça." (Jo, 7, 24)

Pois bem, embora costumemos esfregar na cara desses católicos nominais os atos de heresia e apostasia públicas de Bento XVI, eles persistem acreditando que ele seja católico e, pior, papa, simplesmente porque foi eleito por um conclave de cardeais, ainda que heréticos e apóstatas. Julgam pelas aparências, pois Bento XVI e tais cardeais apresentam-se na aparência como rigorosamente parecem ser, muito embora não sejam. Pouco importa se Bento XVI entre em sinagogas para rezar, saúde hereges, defenda doutrinas heterodoxas, tais como a liberdade de cultos, flerta com o evolucionismo e dê declarações contrárias ao Magistério no tocante aos judeus. Para essa gente, ele é papa! Mesmo se ele cagar na Bíblia, cuspir na cruz ou fizer qualquer coisa semelhante, para essa gente cega, que só enxerga os paramentos eclesiásticos, pouco importa os seus atos públicos de heresia ou apostasia. Ele é Papa. Logicamente, Bento XVI nunca faria isso, pois é uma serpente ardilosa de cuja boca saem coisas boas e ruins, tal como sua
língua bifurcada. Satanás tem a missão de enganar a humanidade e a melhor forma de enganar não é através de falsificações grosseiras, mas exibindo o que é semelhante na aparência, pois ele é o Pai da Mentira, e nada melhor que um lobo na pele de uma ovelha para ludibriar os desavisados católicos. Assim o demônio manipula o mundo para ele ser o mundo das aparências. Em um mundo impregnado pelo materialismo, o que parece ser, mas que não é, acaba tomando a forma final do que aparenta ser, embora realmente não seja. O transexual que parece o que não é; a relação homoafetiva que parece amor, mas não é; o clone que parece o original, mas não é; a Rainha da Inglaterra que parece ter autoridade, mas não tem; o regime político democrático que parece ser justo, mas não é; o protestantismo que parece cristão, mas não é; os judeus atuais que parecem judeus mas não são (cf. Ap. 2, 9). E finalmente, nesse mundo de aparências, um antipapa que parece papa mas não é. É sintomático que "católicos" assim, guiados pelas aparências, acabem dando azo ao materialismo, não acreditando em dogmas como a ressurreição, por exemplo. Basta que Bento XVI atire alguns ossos para esses católicos de araque, criticando o homossexualismo aqui ou elogiando a missa tradicional ali, para acomodá-los a defenderem-no como o baluarte do tradicionalismo. Entretanto, há que se concordar que uma nota falsificada de 50 reais não deixa der uma nota falsificada de 50 reais. Para eles não.

O que importa para estes católicos nominais é aquilo que parece e não aquilo que é, contrariando a máxima mais acima de não julgar pela aparência, mas segundo a justiça. Ou seja, segundo a verdade, pois a verdade é justa. Mas não. Eles fazem questão de fazer vistas grossas aos atos mais escandalosos de heresia e apostasia deste falso papa, simplesmente porque ele é o que parece ser. Simula-se papa, comporta-se como papa, e isso já basta para eles. Não fazem questão de que ele seja de fato católico. Assim, se um conclave de cardeais hereges resolver fazer do Dalai Lama papa, ele será papa legítimo na mente dessa gente.

Um argumento falho e muito recorrente dessa gente é o de que os sedevacantistas não têm autoridade direta de Deus para julgar Bento XVI, já que não podem interpretar a seu talante sejam os documentos da Igreja, seja o que seria ou não um ato contrário à doutrina católica, ou seja, um ato de heresia ou apostasia deste antipapa. Quanto aos documentos da Igreja, os sedevacantistas não os interpretam ao seu bel-prazer, eles reproduzem o que é o magistério da Igreja de sempre. A Bula Cum Ex Apostolatus Officio do Papa Paulo IV não foi revogada, como dizem mentirosamente os católicos de araque. Ela foi ab-rogada e incorporada ao Código de Direito Canônico de 1917. Como acentuado neste artigo: "O Código de Direito Canônico de 1917 original em latim contém uma nota de rodapé ao Canon 188, n. 4, referindo-se à Bula Cum Ex Apostolatus Officio , em 1559, como uma fonte para esse Canon". Quanto ao fato de não se poder julgar factualmente atos de heresia ou apostasia, tal tipo de argumento seria o mesmo que validar aquela famosa indagação que Pilatos fez a Jesus: "Que é verdade?". Ora, se a verdade só pode ser aferida pelos eclesiásticos, não podemos julgar mais nada nem ninguém nesse mundo, pombas!!! Estaríamos fadados ao relativismo. A própria máxima de Jesus seria letra morta, pois só poderia ser executada por eclesiásticos e os leigos não poderiam sequer orientar sua vida prática. Se um homem matasse uma pessoa na sua frente, ele não teria matado, pois pela lógica dessa gente, os sedevacantistas estariam intepretando o ato a seu talante!

É certo que há uma outra máxima, segundo a qual "O homem espiritual, ao contrário, julga todas as coisas e não é julgado por ninguém." (I Cor 2, 15), mas essa objeção de julgamento diz respeito a julgamentos formais e não julgamentos factuais, os quais fazemos a todo momento. Como acentua Richard Joseph Michael Ibranyi, apenas um futuro papa pode julgar formalmente outro papa. Mas será que isso se aplica a hereges notórios que chegaram ao posto de papa e parecem o que não são? Eis uma boa pergunta...

Pela lógica de não se poder julgar factualmente a Igreja, São João Batista não poderia ter julgado os fariseus pelas suas obras, já que constituíam a hierarquia visível. Da mesma forma, São Paulo não poderia ter repreendido São Pedro, como registrado na Epístola de São Paulo aos Gálatas, Capítulo 2, Versículo 11, em que São Paulo diz, “Quando, porém, Cefas veio a Antioquia, resisti-lhe francamente, porque era censurável”. Eis o comentário:

Cornelius a Lapide (1637): “Superiores podem ser admoestados pelos seus subordinados em toda humildade e caridade de forma que a verdade possa ser defendida: isso é a base (Gl. 2, 11) em que Santo Agostinho, São Cipriano, São Gregório e muitos outros que são citados sustentam essa opinião. Eles ensinam sem qualquer equívoco que São Pedro, embora superior em autoridade a São Paulo, foi admoestado por ele. São Gregório corretamente declara que: ‘Pedro permaneceu em silêncio, de forma que, sendo primeiro na hierarquia dos apóstolos, ele poderia igualmente ser primeiro em humildade’. Santo Agostinho escreve, ‘demonstrando que superiores admitem que eles possam ser censuráveis por seus subordinados, São Pedro deu para posteridade um exemplo de santidade mais digno de nota do que aquele dado por São Paulo, embora o último demonstrara, todavia, que é possível para subordinados ter a ousadia de resistir seus superiores sem temor, quando em toda caridade eles expressam-se na defesa da verdade.’ (Comentário em Gal., II, 11)”.

Obviamente, Bento XVI merece muito mais que uma mera admoestação...

Vejamos o que dizem São João Crisóstomo e São Roberto Bellarmino sobre os julgamentos:

Não julgueis, e não sereis julgados” (Lc. 6, 37). O que isso significa? Estamos impedidos de denunciar aqueles que pecam? Por que, então, Paulo diz: “Repreende, ameaça, exorta!” (II Tim. 4, 2), e “Aos que faltam às suas obrigações, repreende-os diante de todos, para que também os demais se atemorizem.” (I Tim. 5, 20)? ... Pois se o mestre não corrige o servo, e a senhora a empregada, e o pai o filho, e o amigo seu amigo, tudo seria ruim ... E a menos que nós corrijamos nossos inimigos também, nós nunca deveremos pôr um fim à inimizade, e tudo estaria de cabeça para baixo. Vamos, portanto, cuidadosamente estudar o significado do que é dito aqui, de forma que ninguém possa pensar que os remédios de nossa salvação sejam realmente leis da desordem e confusão. Pois Nosso Senhor tornou tão claro quanto se segue àqueles que possuem entendimento, a perfeição dessa lei, dizendo: “tira primeiro a trave do teu olho” (Lc. 6, 42) ... Você vê como Ele não nos proíbe de julgar, mas nos manda primeiro remover a trave do olho, e somente então deveríamos corrigir as faltas dos outros”.

São Roberto Bellarmino, SJ (1542-1621): “Da mesma forma que é permitido resistir ao papa que ataca o corpo, é também permitido resistir àquele que ataca as almas ou que perturba a ordem civil, ou, acima de tudo, que tenta destruir a Igreja. Eu digo que é permitido resistir-lhe não fazendo o que ele ordena e impedindo sua vontade de ser executada.”

Desta forma, observamos como não há qualquer fundamento nas premissas enganosas dos seguidores de Bento XVI, os quais por absoluta cegueira e fanatismo cego são leais a uma fraude e, aprovando as nefastas ações deste falso papa, caminham a passos largos pro inferno. Essa gente não tem olhos para as coisas do Espírito, mas simplesmente para a matéria. São na verdade anti-católicos servindo conscientemente uma fraude que se exibe apenas exteriormente como católico.

Um comentário:

  1. Salve Maria!

    Excelente artigo amigos, farei uma observação, embora deveria calar-me pois tão bem foi exposta pelo autor a atitude que alguns tradicionalistas mantém face ao Bento XVI. O fato queridos irmãos, cujo trabalho só vim a conhecer agora mas que certamente consultarei com frequencia, é que a verdade é una e a mentira multipla, e essas ultimas são tanto mais perigosas quanto mais se parecem ou se aproximam da verdade, pois quanto mais próxima da verdade mais facilmente ela engana, é mais crível. Assim Bento XVI proíbe os católicos de ler Harry Potter (SIC)* mas cita como referencia teologica o Herege Henry de Lubac**, ai os tradicionalistas gritam como Orlando Fedeli fez varias vezes: "Bento XVI é o papa da nossa esperança pessoal" (longe de mim querer critica-lo pois esse homem de feliz memória muito fez para combater os erros do Vaticano II) porém, enfim.

    Parabéns pelo trabalho,

    Felipe marques pereira do blog ieamleaoxiii.blogspot.com

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