Vitral com a imagem do Sagrado Coração de Jesus. |
A devoção ao Sagrado
Coração de Jesus remonta ao último quarto do Séc. XVII (1675
precisamente), quando N.S.J.C. se revelou à Santa Margarida Maria
Alacoque, com os seguintes dizeres:
“Eis o Coração que tanto amou os homens, que nada poupou, até se esgotar e se consumir para lhes testemunhar seu amor. Como reconhecimento, não recebo da maior parte deles senão ingratidões, pelas suas irreverências, sacrilégios, e pela tibieza e desprezo que têm para comigo na Eucaristia. Entretanto, o que Me é mais sensível é que há corações consagrados que agem assim. Por isto te peço que a primeira sexta-feira após a oitava do Santíssimo Sacramento seja dedicada a uma festa particular para honrar Meu Coração, comungando neste dia, O reparando pelos insultos que recebeu durante o tempo em que foi exposto sobre os altares”.
“Prometo-te que Meu Coração se dilatará para derramar os influxos de Seu amor divino sobre aqueles que Lhe prestarem esta honra”.¹
Esta aparição ocorrera na oitava da festa de Corpus Domini, sendo que em um intervalo de dois anos, as aparições de repetiram em inúmeras vezes². Sobre a espectadora da aparição, Santa Margarida, nascera em 1647 no vilarejo de Lautecour, na Borgonha. Sua família possuia especial reputação por religiosidade profunda, probidade e honestidade; tendo por patriarca Claude Alacoque e matriarca François Lamyn, o primeiro notário do Rei e a última filha de um notário, cargos de vulto em uma monarquia burocrática como era na França.
Característica singular era o
horror ao pecado da menina Margarida, que desde os três anos³, ao menor
sinal de pecado, se afastava com a face em horror. E mais ainda notável é
a devoção ao auxílio dos mais pobres e necessitados que Margarida
manifestava em sua vida, por vezes utilizando-se de seu dinheiro para
atrair aos pobres e ensiná-los o catecismo e as orações, uma troca
frutuosa para os céus. Na sua educação, que foi introduzida no Castelo
de sua madrinha, uma nobre da região (costume da época), pode-se
perceber nuances de seu horror ao pecado quando que, dentre duas
Senhoras, tutoras educacionais de Margarida, sendo uma mais agradável
exteriormente e outra mais rude, a preferência de Margarida decaia para a
mais rude; sendo este fato explicado mais tarde por ser a primeira -
até então vista como a mais simpática e gentil - pecadora e de vida
reprovável, enquanto a mais rude vivia uma vida reta e digna.
Mas
com a morte de sua madrinha, e por conseguinte de seu pai, a opção que
restou à mãe de Margarida, agora responsável pela saúde financeira da
família, fora enviar Margarida a um convento de Clarissas - já que
Margarida deixara o castelo de sua falecida madrinha -, de modo que lá
complementasse sua educação e vivesse uma vida pura, anseio manifesto de
jovem Margarida.
Observando durante longo tempo a
vida enclausurada, o silêncio, a pobreza e a nobreza da vida religiosa,
não tardou para que Margarida demonstrasse o desejo de ingressar na
Ordem. Com ponderação e proporcionalidade, advindas da educação exemplar
que era concedida pelas Clarissas, os rudimentos da arte, do convívio
culto e demais máterias educacionais foram infundidas em Margarida
lapidando-a ainda mais, tornando cintilante sua presença e fulgurante
suas ações.
O seu espírito equilibrado e alguns traços da educação recebidos por Santa Margarida Maria foram entendidos mais tarde pela Madre Greyfié, uma das suas superioras em Paray-le-Monial, que a descreveu assim: “Era naturalmente judiciosa, sensata e tinha um espírito bom, humor agradável e o coração mais caritativo que se possa imaginar; numa palavra pode dizer-se que era uma criatura das mais aptas para ter êxito em tudo.”
No pensionato das Clarissas, Margarida Maria contraiu uma doença grave, pelo que foi preciso reenvia-la à casa da mãe. Ali permaneceu cerca de quatro anos prostrada na cama, sem conseguir levantar-se. Deus Nosso Senhor visitava-a com o sofrimento. Só em 1661 recuperou a saúde depois de fazer um voto à Santíssima Virgem.
Na sua casa, outra situação muito dolorosa a aguardava. Sua mãe tinha transferido a gestão do patrimônio a um cunhado, Toussaint Delaroche, homem avaro e de temperamento irritável. A Santa suportou durante anos a quase escravidão a que a submetiam as injustiças do tio. Às vezes tinha de mendigar pão ao vizinho. A casa materna transformou-se então numa prisão torturante. “Não tínhamos já nenhum poder em casa e não ousávamos fazer nada sem seu consentimento”, escreveu a Santa. Passava horas num canto do jardim a rezar ou refugiava-se na capela da aldeia. Mas nem sequer lá encontrava repouso: o tio acusava-a de sair de casa para ver os rapazes. “Às vezes os pobres da aldeia, por compaixão, davam-me um pouco de pão, de leite ou alguma fruta na parte da tarde”.4
Tais
momentos dolorosos de sofrimentos que desde cedo experimentava Santa
Maria Margarida, na verdade já era longa e remetia à sua infância, em
que Nosso Senhor se mostrava crucificado à Margarida, preparando-a e
tornando-a forte para o futuro. Esta será uma constante na vida de
Margarida, também condição indispensável para atingir os píncaros da
Santidade: Sofrimento e dor; sentimentos que ganham ainda em terra a
felicidade perene no céu.
Santa Margarida Maria Alacoque com o hábito das Clarissas. |
Entretanto, o desejo
da família para que Margarida adentrasse no convento das Ursulinas
estava se tornando grave e crescente, a ponto de impedir que a vocação
Clarissa se aflorasse no coração da jovem e fosse reprimido. O que mais
pesava para que a decisão da família o queresse era o fato de uma prima
de Margarida estar instalada no Convento das Ursulinas, situação
demonstrada em cartas trocadas entre as primas. Mas com a mercê de Deus,
certa vez um religioso se hospedou na casa de Margarida, de modo que
tão logo a última confessou-se plenamente e o seu desejo de ingressar
nas Clarissas, tão manifesto, fez o religioso convencer a família de que
este era o desejo de Deus; e assim fora concretizado. Em 1672 a
profissão solene é feita no convento de Paray-le-monial.
Fato ainda hoje desconhecido é o
de que a devoção ao Sagrado Coração de Jesus não terá origem com Santa
Margarida, mas será anterior ao nascimento da mesma. Entretanto, a
devoção será difundida eficientemente com esta, que mesmo retida em sua
clausura, mais do que todos os anteriores, tornou a devoção ao Sagrado
Coração de Jesus universal.
Dizia S.S. Pio XII, um dos maiores Pontífices do século passado, na Encíclica Haurietis Aquas:
“Mas entre todos os promotores desta excelsa devoção, merece um lugar especial Santa Margarida Maria Alacoque que, com a ajuda do seu diretor espiritual, o Beato Cláudio de la Colombière (hoje santo) e com o seu zelo ardente, obteve, não sem a admiração dos fiéis, que este culto adquirisse um grande desenvolvimento e, revestido das características do amor e da reparação, se distinguisse das demais formas da piedade cristã.”
- A minha bênção permanecerá sobre as casas em que se achar exposta e venerada a imagem de meu Sagrado Coração.
- Eu darei aos devotos do meu Coração todas as graças necessárias a seu estado.
- Estabelecerei e conservarei a paz em suas famílias.
- Eu os consolarei em todas as suas aflições.
- Serei seu refúgio seguro na vida, e principalmente na hora da morte.
- Lançarei bênçãos abundantes sobre todos os seus trabalhos e empreendimentos.
- Os pecadores encontrarão em meu Coração fonte inesgotável de misericórdias.
- As almas tíbias se tornarão fervorosas pela prática dessa devoção.
- As almas fervorosas subirão em pouco tempo a uma alta perfeição.
- Darei aos sacerdotes que praticarem especialmente essa devoção o poder de tocar os corações mais empedernidos.
- As pessoas que propagarem esta devoção terão os seus nomes inscritos para sempre no meu Coração.
- A todos os que comungarem nas primeiras sextas-feiras de nove meses consecutivos, darei a graça da perseverança final e da salvação eterna.5
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