quinta-feira, 25 de março de 2021


 

Disposições interiores com que detemos deitar-nos

1.° Ao despirmo-nos, devemos desejar vivamente despojar-nos do homem velho com todas as suas obras, e olhar-nos como um pecador indigno de ter um vestido depois de haver perdido o da inocência.

2.° Ao deitarmo nos na cama, devemos:

a) Adorar Nosso Senhor, que fez esta mesma ação, e honrar o mistério da sua morte e sepultura;

b) Considerar a nossa cama como nossa sepultura, a nossa roupa como nossa mortalha, o sono como a imagem da morte, e entrar por conseguinte nos sentimentos que quereríamos ter ao expiar, aceitar a morte com o estado de podridão que a há de seguir, e desejar que toda a gente se afaste de nós como se afasta de um cadáver, e nos esqueça como esquece os mortos.

c) Estando na cama, devemos oferecer o nosso descanso a Deus em honra do descanso de Jesus Cristo, enquanto estava sobre a terra, e ainda mais era honra do descanso eterno, que o Pai celestial goza em si mesmo, em seu Filho, na Santíssima Virgem, e em todos os santos; depois, ao adormecer, dizer o que Nosso Senhor disse a seu Pai ao adormecer: Pai, nas nossas mãos encomendo o meu espírito; por último, devemos fazer diligências por adormecer com algum bom pensamento a fim de que só os tenhamos bons quando acordarmos, e de que o nosso mesmo sono seja uma oração a Deus.


(Monsenhor André Jean Marie in “Meditações para todos os dias do ano: Para uso dos Sacerdotes, Religiosos e dos Fiéis.” Livraria Chardron, de Lélo & Irmão – Porto, 1904, Tomo VI, p. 60-63)

quarta-feira, 24 de março de 2021

LEMBRAR DA MORTE




                                                                    LEMBRAR DA MORTE 


Para compreendermos em toda a sua extensão o sentido destas palavras, imaginemos ver uma pessoa que acaba de exalar o último suspiro. Ó Deus, a cada um que vê este corpo, inspira nojo e horror. Não passaram bem nem vinte e quatro horas depois que aquela pessoa morreu e já o mau cheiro se faz sentir. É preciso abrir as janelas e queimar bastante incenso, a fim de que o fedor não infecione a casa toda. Os parentes com pressa mandam levar o defunto para fora da casa e entregar à terra.


Metido que foi o cadáver na sepultura, vai se tornando amarelo e depois preto. Em seguida, aparece em todos os membros uma lanugem branca e repelente, donde sai um pus infecto que corre pela terra e donde se gera uma multidão de vermes.

 Os ratos veem também procurar o pasto neste cadáver, roendo-o uns por fora, ao passo que outros entram na boca e nas entranhas. Despegam-se e caem as faces, os lábios, os cabelos; escarnam-se os braços e as pernas apodrecidas, e afinal os vermes, depois de consumidas todas as carnes, consomem-se a si próprios.

 E deste corpo só restará um esqueleto fétido, que com o tempo se divide, ficando reduzido a um punhado de pó. Eis aí o que é o homem, considerado como criatura mortal. Eis aí o estado a que tu também, meu irmão, serás, talvez em breve, reduzido: um punhado de pó fedorento.

Nada importa ser alguém moço ou velho, são ou enfermo: a todos caberá a mesma sorte, o que a Igreja recorda pondo as cinzas bentas indistintamente sobre a cabeça de todos: Memento homo, quia pulvis es et in pulverem reverteris — “Lembra-te, ó homem, que és pó e em pó te hás de tornar”.


(Meditações para a quaresma - Santo Afonso Maria de Ligório)

terça-feira, 16 de março de 2021

O deitar-se na cama


 



    Modo exterior de fazer santamente a ação de deitar-se na cama:


1°) A prudência requer que nos deitemos na hora marcada do nosso regulamento de vida, sem a antecipar por preguiça ou demasiado amor do descanso; assim como sem a retardar, a pretexto de que se não tem desejo nem precisão de dormir, e de que se quer ler, rezar ou fazer alguma outra coisa.


2°) A modéstia exige que nos dispamos com decência, evitando quanto possível toda a nudez, pelo respeito para com Deus, que tem os olhos fixos sobre nós; que nos deitemos do mesmo modo, e que estejamos na cama em uma posição que ateste igualmente o respeito para com Deus e o Anjo da guarda, que nos vêem.


3°) A religião requer, do seu lado, que nunca nos deitemos sem ter recitado a oração da noite com o exame de consciência, seguido de um ato de contrição; que tomemos água benta, e que a lancemos sobre a cama para afugentar o demónio durante a noite; que depois de deitados, façamos o sinal da cruz, pronunciemos os nomes de Jesus, Maria e José; e em seguida durmamos e descansemos em paz nos braços de Jesus.


(Monsenhor André Jean Marie in “Meditações para todos os dias do ano: Para uso dos Sacerdotes, Religiosos e dos Fiéis.” Livraria Chardron, de Lélo & Irmão – Porto, 1904, Tomo VI, p. 60-63)

quarta-feira, 10 de março de 2021

Indulgências do Rosário


                                                               Indulgências do Rosário 


a) Os fiéis quando recitarem a terça parte do Rosário com devoção podem lucrar:

         Uma indulgência de 5 anos (Bula "Ea quae ex fidelium", Sixto IV, 12 de maio 1479 ; S. C. Ind., 29 de agosto 1899 ; S. P. Ap., 18 de março 1932).

         Uma indulgência plenária  nas condições usuais, se eles rezarem [o terço] durante o mês inteiro(Pio XII ,22 de janeiro1952.) 

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b) Se rezarem a terça parte do Rosário em companhia de outros ,  uma indulgência de 10 anos, uma vez ao dia; 

         Uma indulgência plenária no ultimo Domingo de cada mês, juntamente com confissão, Comunhão e visita a uma igreja ou oratório público, se realizarem tal recitação ao mês três vezes em alguma das semanas precedentes. , seja em público ou privado, podem lucrar: 

 


Se, de qualquer forma, rezarem juntos em família, além da indulgência parcial de 10 anos, lhes é concedido:

Uma indulgência plenária duas vezes ao mês, se realizarem a recitação diariamente durante um mês, forem à confissão, receberem a Santa Comunhão e visitarem alguma igreja ou oratório. (S. C. Ind., 12 de maio de 1851 e 29 agosto de 1899; S. P. Ap., 18 de março de 1932 e 26 de julho de 1946).

Os fiéis que diariamente recitam a terça parte do Rosário com devoção em um grupo familiar além das indulgências concedidas em b) também lhes é concedida uma Indulgência Plenária sob condição de Confissão, Comunhão a cada Sábado, em dois outros dias da semana  e em cada uma das Festas da Beatíssima Virgem Maria no Calendário Universal, nomeadamente – A Imaculada Conceição, a Purificação, a Aparição da Beata Senhora em Lourdes, a Anunciação, as Sete Dores (sexta-feira da semana da paixão), a Visitação, Nossa Senhora do Carmo; Nossa Senhora das Neves, a Assunção, o Imaculado Coração de Maria, a Natividade da Santíssima Virgem, as Sete Dores (15 de setembro), Nossa Senhora do Sacratíssimo Rosário, a Maternidade da Beata Virgem Maria, a Apresentação da Beata Virgem Maria (S.P. Ap. 11 de outubro d e 1959)

terça-feira, 9 de março de 2021

A CONVERSÃO DE SANTA TERESA DE JESUS


                                             A CONVERSÃO DE SANTA TERESA DE JESUS


A grande conversão de Santa Teresa de Jesus,  aconteceu na Quaresma em um dia em que a Santa contemplava uma imagem de Cristo ensanguentado. Em oração ela perguntou ao bom Jesus: “Senhor, quem vos colocou aí?” Ela ouviu uma voz que lhe disse: “Foram tuas conversas no parlatório que me puseram aqui, Teresa”.


"Aconteceu-me de, entrando um dia no oratório, ver uma imagem guardada ali para certa festa a ser celebrada no mosteiro . Era um Cristo com grandes chagas que inspirava tamanha devoção que eu, de vê-Lo, fiquei perturbada, visto que ela representava bem o que Ele passou por nós. Foi tão grande o meu sentimento por ter sido tão mal-agradecida àquelas chagas que o meu coração quase se partiu; lancei-me a seus pés, derramando muitas lágrimas e suplicando-lhe que me fortalecesse de uma vez para que eu não O ofendesse." (Livro da vida, cap. 9 n°1)


Ela chorou muito e a partir de então não voltou a perder tempo com conversas inúteis e nas amizades que não a levavam à santidade. Assumiu a partir desta experiência a sua conversão e voltou ao fervor da espiritualidade carmelita, a ponto de criar uma espiritualidade modelo.