terça-feira, 3 de março de 2015

A TRADIÇÃO PARA O MODERNISTA

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A verdade revelada vem até nós por dois canais, que frequentemente, ademais, se comunicam entre si: a Sagrada Escritura e a Tradição. O primeiro é a palavra de Deus escrita nos Livros santos do Antigo e do Novo Testamento; o segundo é a palavra de Deus não escrita na Bíblia, mas transmitida de viva voz pelos Apóstolos e que chegou, como de mão em mão, de boca em boca, até nós.

A Tradição é o ensino da Igreja a quem Jesus Cristo prometeu, no Evangelho, a infalibilidade. Ela éexpressa pelos decretos dos Concílios, os atos da Santa Sé, os livros litúrgicos, as obras da arte cristã, os escritos dos Padres e dos Doutores da Igreja, o pensamento comum dos teólogos. Os Padres são os escritores eclesiásticos que a Igreja, durante os doze primeiros séculos, reconheceu como testemunhas e representantes da Doutrina católica. Os Doutores são os homens eminentes em santidade e em ciência sagrada aos quais a Igreja concedeu publicamente este título.
Muitos dos dogmas de fé estão contidos somente de forma implícita nas Santas Escrituras, e nos foram transmitidos pela Tradiçãoque, contrariamente ao sentimento dos protestantes, tem a mesma autoridade que as EscriturasA interpretação de ambas pertence à Igreja, guardiã da verdade revelada. 
Vejamos como o veneno modernista contaminou a noção da Tradição.
Vimos que a fé, para os modernistas, é apenas o resultado da experiência individual que o crente opera em si mesmo penetrando em seu sentimento religioso e daí descobrindo esta intuição do coração que lhe faz atingir a realidade própria de Deus. Ora, a Tradição, segundo eles, é tão somente a comunicação feita a outros de alguma experiência original com a ajuda de uma fórmula.
Esta fórmula, dizem eles, tem uma virtude sugestiva, agindo sobre o crente, em quem ela desperta o sentimento religioso, e sobre o incrédulo, em quem ela pode engendrar o sentimento religioso e conduzi-lo a fazer a experiência individual. 
A Tradição seria então a comunicação de experiências que se propagam de geração em geração pelo escrito ou a transmissão oral.
Porém, ora ela se enraíza e se fixa, ora ela morre e se apaga. Como, para os modernistas, vida e verdade são a mesma coisauma religião que vive é uma religião verdadeira; se ela não o fosse, ela não viveria.
Eis porque tantas pessoas têmcom respeito às tradições cristãs, do catolicismo em uma palavra, uma atitude muito respeitosa, que elas seriam tentadas a tomar por um tipo de féEsta deferência, elas a têm por todas as religiões que vivem, porém eles a têm mais profundamente pela Igreja, visto que ela viveu maisnão vos confundais com isso, isso não é a fé, essa não é a fé que salva.
E eis como o detestável erro modernista dá a uma multidão de homens a ilusão de crer. Então! da fé verdadeira, eles não têm nem tão grande como um grão de mostarda!
LENERT, G.. Moderniste sans le savoir. Paris, A. Tralin, éditeur, 1912, p.36-39.

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