A Igreja Católica, desde o surgimento do liberalismo maçônico e de seu triunfo a partir da revolução francesa, luta a duras penas para conter o avanço da impiedosa mentalidade que vem destruindo a fé da maioria dos católicos no mundo todo. Hoje, mesmo aqueles que freqüentam paróquias, comungam, participam de pastorais, movimentos e “ministérios”, estão tomados pela mentalidade liberal. Desde Bento XVI até o mais humilde fiel, passando por bispos e sacerdotes, via de regra todos defendem que as religiões não católicas são boas, que os não católicos agradam a Deus desde que O busquem em suas vidas, que Deus está verdadeiramente presente também em suas religiões, etc…
Quando a Igreja começou a perder terreno devido ao avanço liberalismo, uma “avalanche” de documentos papais começou a brotar de Roma, sempre ensinando com firmeza a verdade católica. Neste sentido foram muitos os documentos, pronunciamentos e ações dos papas para gloriosamente tentar vencer o inimigo. O esforço não foi em vão, e por muitos anos o ímpeto liberal foi detido ou pelo menos amenizado. Mas a partir do século XIX a situação se agravou ainda mais, e o resultado deste agravamento é a babel que nós vivemos hoje. E por que isso aconteceu? Porque a partir deste período foram os próprios católicos que miseravelmente passaram a apoiar os princípios liberais, resumidos na tríade “liberdade-igualdade-fraternidade”. Tais pessoas receberam a alcunha de “católicos-liberais”, e muito trabalharam para a concretização da síntese entre a doutrina católica e a revolução francesa, levada a cabo pelo Vaticano II.
Infelizmente, muitos destes católicos-liberais concordavam com toda a doutrina maçônica, e as defendiam abertamente. Estes era fácil de se combater, bastando mostrar-lhes os seus erros de acordo com os ensinamentos da Igreja. Mas outros católicos concordavam com os princípios do liberalismo, mas não com a doutrina que os embasava. Foram precisamente estes que iniciaram a tentativa de síntese entre a revolução francesa e a doutrina católica. Assim que começaram a agir, persuadindo os fiéis a acreditarem que haviam verdades nos princípios maçônicos que poderiam e deveriam ser assimilados pela Igreja, prontamente os papas reinantes reagiram e denunciaram este empreitada como anti-católica. Na página 73 do livro “Do Liberalismo a Apostasia – A Tragédia Conciliar”, Dom Lefebvre nos conta que um padre de nome Roussel reuniu em seu livro “Liberalisme et Catholicisme” uma série de declarações do Papa Pio IX que condenaram esta tentativa de aliar a Igreja com a revolução. Na primeira delas que citarei, vejam o que ensinou Pio IX a um círculo católico de Milão, no ano de 1873:
“(…) Entretanto, por mais que os filhos dos séculos sejam mais hábeis que os filhos da luz, as astúcias dos inimigos da Igreja teriam MENOR ÊXITO se um grande número dos que levam o nome de católicos não lhes estendesse a mão amiga. MAS POR DESGRAÇA há os que parecem querer andar de acordo com nossos inimigos, e se esforçam por estabelecer uma ALIANÇA ENTRE A LUZ E AS TREVAS, um acordo entre a justiça e a iniqüidade, por meio destas doutrinas chamadas de “católico-liberais”; estas, apoiando-se em princípios os mais perniciosos, afagam o poder laico quando invade as coisas espirituais e fazem os espíritos respeitar ou pelo menos tolerar as leis mais iníquas, como se não estivesse escrito que ninguém pode servir a dois senhores. ESSES SÃO CERTAMENTE MAIS PERIGOSOS E MAIS FUNESTOS DO QUE OS INIMIGOS DECLARADOS, porque agem sem serem notados, ou pelo menos pensam agir assim. Porque MANTENDO-SE NO JUSTO LIMITE DAS OPINIÕES CONDENADAS FORMALMENTE, mostram uma certa aparência de integridade e de doutrina reta, seduzindo assim aos imprudentes amadores de conciliação e enganando gente honesta, QUE SE REBELARIA CONTRA UM ERRO DECLARADO. Assim dividem os espíritos, desfazem a unidade e DEBILITAM AS FORÇAS QUE TERIAM QUE SE UNIR PARA LUTAR CONTRA O INIMIGO…”.
Estas palavras caem como uma luva contra os defensores do concílio Vaticano II. Os “católicos” amigos da revolução francesa, querendo sustentar os princípios liberais e simultaneamente não podendo defender o embasamento de tais princípios (pois foram violentamente condenados), passaram a tentar conciliar a verdade católica com aquilo que eles pensavam que havia de cristão no liberalismo. Daí as nefastas doutrinas da liberdade religiosa conciliar, do ecumenismo, do diálogo inter religioso. “Vejam!”, disseram estes católicos, “a Igreja condenou a liberdade de culto baseada na consciência da pessoa, mas tal doutrina fundamentada na dignidade humana estaria perfeitamente de acordo com o evangelho”. Ou então: “Vejam, o ecumenismo que a Igreja condenou é o irenista, aquele que não admite que exista uma verdade. O ecumenismo que propomos é de um outro tipo, é evangélico, apesar de nunca ter sido realizado em mais de 1900 anos de Igreja. Deus estava esperando nós nascermos, os católicos-liberais, para trazermos esta grande verdade bíblica ignorada por séculos”. Pio IX então vai dizer que estes malditos católicos são piores do que os maçons, piores que os maiores inimigos da Igreja, pois tais católicos mantêm-se no “justo limite das opiniões condenadas formalmente”, mostrando assim uma certa “aparência de integridade e de doutrina reta”, o que faz enganar “gente honesta que se rebelaria contra um erro declarado”. Mais claro, impossível.
Por não poder declarar a liberdade de culto no Estado católico fundamentando-a como os liberais na consciência do sujeito, os católicos maçonicos então fundamentaram-na na dignidade humana, ensinando uma doutrina NUNCA ANTES ENSINADA, estabelecendo uma prática nunca antes adotada. E aí vem católicos honestos, que se rebelariam contra um erro declarado, e acabam aceitando o erro camuflado sobre aparência de verdade. A verdadeira liberdade religiosa obviamente é doutrina católica, e foi ensinada inúmeras vezes pelos papas, que citaram a dignidade de filhos de Deus como elemento fundamental para exercê-la. Mas esta liberdade conciliar, que dá direito de “não ser impedido de agir” também aos que erram é uma verdadeira aberração doutrinal jamais ensinada pela Igreja. E a Igreja já ensinou TUDO o que poderia ser ensinado. E a Igreja sistematicamente ensinou que qualquer novidade doutrinal deve sempre ser rejeitada pelos simples fato de ser novidade doutrinal. Não seria um concílio abominável (pois nele os católicos se uniram a protestantes e maçons) que ensinaria uma “verdade” que até então teria recebido o nome de “tolerância”, como querem os defensores do Vaticano II. Continuando, Pio IX também disse aos redatores de um jornal católico de Rodez, em dezembro de 1876:
“(…) Nós só podemos aprovar-vos pelo fato de terem empreendido a defesa e explicação das determinações de nosso Syllabus, principalmente as que condenam o liberalismo dito católico: o qual, contando com um grande número de partidários MESMO ENTRE OS HOMENS HONESTOS E DANDO A IMPRESSÃO DE SE AFASTAR POUCO DA VERDADE, ENGANA MAIS FACILMENTE os que não estão de sobreaviso, e destruindo o espírito católico insensivelmente e de modo velado, diminui as forças dos católicos e AUMENTA AS DO INIMIGO”.
Novamente, Pio IX vai insistir nesta questão de homens honestos defenderem a síntese entre revolução e Igreja. E que tais homens enganam os católicos, pois dão a impressão de se afastar pouco da verdade, o que aumenta as forças do inimigo. Estes são os piores inimigos da Igreja. No mês de julho de 1871 o Papa disse o seguinte aos peregrinos de Nevers:
“(…) O que aflige nosso país e o impede de receber as bênçãos de Deus é esta MISTURA DE PRINCÍPIOS. Direi e não me calarei: O QUE TEMO NÃO SÃO ESTES MISERÁVEIS DA COMUNA DE PARIS…o que temo é esta desastrada política, ESTE LIBERALISMO CATÓLICO QUE É UM VERDADEIRO FLAGELO…este jogo de pêndulo que DESTRUIRIA a verdadeira religião. Sem dúvida, deve-se praticar a caridade, fazer o possível para atrair os extraviados; entretanto, NÃO É NECESSÁRIO POR CAUSA DISSO COMPARTILHAR COM SUAS OPINIÕES…”.
Pio IX então diz temer mais os católicos liberais do que os comunistas. E por que? Porque estes compartilham das opiniões liberais maçônicas, desejando uma síntese que destruiria a Igreja Católica. E o Papa vai de novo realçar isto, em um “breve” a um círculo católico de Quimper, em 1873:
“(…) em muitas ocasiões em que temos repreendido os partidários das opiniões liberais, não tínhamos em vista aqueles que odeiam a Igreja e aos quais seria inútil falar, mas nos referimos aos que CONSERVANDO E MANTENDO ESCONDIDO O VÍRUS DOS PRINCÍPIOS LIBERAIS, com que se alimentaram desde o berço, sob o pretexto de NÃO ESTAR INFECTADO COM UMA MALÍCIA CLARA e que SEGUNDO ELES não é prejudicial a religião, o transmitem facilmente as almas e PROPAGAM assim AS SEMENTES DESSAS REVOLUÇÕES que sacodem já há bastante tempo o mundo”.
Todas estas passagens demonstram com clareza o perigo que é assimilar princípios da revolução francesa, aplicando-os a doutrina católica. E foi isso exatamente o que o Vaticano II fez! A LIBERDADE religiosa, a IGUALDADE sugerida a partir da colegialidade e a FRATERNIDADE “universal” a partir do ecumenismo e do diálogo são princípios liberais sintetizados a doutrina da Igreja. Tanto é verdade que o Vaticano II admitiu que a purificação e assimilação dos princípios liberais era o seu fim primordial. Veja o que está escrito no número 11 da Gaudium et Spes:
“(…) O Concílio tem a intenção antes de tudo de distinguir sob esta luz AQUELES VALORES QUE HOJE SÃO DE MÁXIMA ESTIMAÇÃO, relacionando-os à sua fonte divina. Estes VALORES, enquanto derivam da inteligência do homem que lhe foi conferida por Deus, SÃO MUITO BONS. Mas por causa da corrupção do coração humano eles se afastam não raro da sua ordem devida e por isso PRECISAM DE PURIFICAÇÃO”.
Ora, os valores que hoje são de máxima estimação pelos liberais e demais católicos que lhes estendem as mãos são exatamente os princípios liberais, que o concílio diz ser sua intenção “purificá-los”. E o então cardeal Ratzinger confirmou isso, ao conceder entrevista a revista “Jesus”, em 1984:
“(…) O problema dos anos 60 era adquirir os melhores valores resultantes dos séculos de cultura “liberal”. Efetivamente são valores que MESMO NASCIDOS FORA DA IGREJA PODEM ENCONTRAR SEU LUGAR, purificados e corrigidos, em sua visão do mundo. É o que foi feito”.
Incrível! Termino com uma frase de Dom Lefevre, que na página 51 do livro que citamos e que retiramos todas estas passagens escreveu:
“(…) É dramático que se afirme que os papas não viram o que há de verdade cristã nos princípios da revolução de 1789”. E continua na página 52: “É uma impiedade e injustiça aos papas dizer-lhes: ‘vós haveis juntado na mesma condenação os falsos princípios do liberalismo e as liberdades boas que ele propõe; haveis cometido um erros histórico’”.
Lutemos contra os defensores do Vaticano II, sabendo que são católicos liberais tão condenados quanto foram os liberais não católicos. Estejamos atentos também a esta ressalva: este tipo de católico é ainda pior do que os liberais, é um inimigo ainda mais perigoso do que maçons e comunistas. Mesmo que estejam bem intencionados.
Fonte: Texto retirado do antigo blog Ódio a Heresia
Autor: Sandro Pelegrineti de Pontes.
Autor: Sandro Pelegrineti de Pontes.
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