quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

COMO DEVEM SER NOSSAS ORAÇÕES – ENSINA-NOS SÃO TOMÁS



Oração Dominical, entre todas, é a oração por excelência, pois possui as cinco qualidades requeridas para qualquer oração. A oração deve ser: confiante, reta, ordenada, devota e humilde.

Em primeiro lugar, a oração deve ser confiante.

Como São Paulo escreve aos Hebreus (4, 16): “Aproximemo-nos com confiança do trono da graça, a fim de alcançar a misericórdia e achar graça para sermos socorridos no tempo oportuno”.
A oração deve ser feita com fé e sem hesitação, segundo São Tiago (Tg 1,6): “Se algum de vós necessita de 
sabedoria, peça-a a Deus… Mas peça-a com fé e sem hesitação”.
Por diversas razões, o Pai Nosso é a mais segura e confiante das orações. A Oração Dominical é obra de nosso advogado, do mais sábio dos pedintes, do possuidor de todos os tesouros de sabedoria (cf. Cl 2, 3), daquele de quem diz São João (I, 2, 1): Temos um advogado junto ao pai: Jesus Cristo, o Justo. São Cipriano escreveu em seu Tratado da Oração Dominical: “Já que temos o Cristo como advogado junto ao Pai, por nossos pecados, em nossos pedidos de perdão, por nossas faltas, apresentemos em nosso favor, as palavras de nosso advogado”.
Oração Dominical parece-nos também que deve ser a mais ouvida porque aquele que com o Pai a escuta é o mesmo que no-la ensinou; como afirma o Salmo 90 (15): “Ele clamará por mim e eu o escutarei”“É rezar uma prece amiga, familiar e piedosa dirigir-se ao Senhor com suas próprias palavras”, diz São Cipriano. Nunca se deixa de tirar algum fruto desta oração que, segundo Santo Agostinho, apaga os pecados veniais.

Em segundo lugar, nossa oração deve ser reta.

Quer dizer, devemos pedir a Deus os bens que nos sejam convenientes. “A oração é o pedido a Deus dos dons que convém pedir”, diz São João Damasceno.
Muitas vezes, a oração não é ouvida por termos implorado bens que verdadeiramente não nos convêm. “Pediste e não recebeste, porque pediste mal”, diz São Tiago (4,3).
É tão difícil saber com certeza o que devemos pedir, como saber o que devemos desejar. O Apóstolo reconhece, quando escreve aos Romanos (8, 26): “Não sabemos pedir como convém, mas (acrescenta), o próprio Espírito intercede por nós com gemidos inefáveis”.
Mas não é o Cristo que é nosso doutor? Não foi ele que nos ensinou o que devemos pedir, quando seus discípulos disseram: Senhor, ensinai-nos a rezar? (Lc 11, 1).
Os bens que ele nos ensina a pedir, na oração, são os mais convenientes. “Se rezamos de maneira conveniente e justa, diz Santo Agostinho, quaisquer que sejam os termos que empregamos, não diremos nada mais do que o que está contido na Oração Dominical”.

Em terceiro lugar, a oração deve ser ordenada.

A oração deve ser ordenada como o próprio desejo que a prece interpreta. A ordem conveniente consiste em preferirmos, em nossos desejos e preces, os bens espirituais do que os bens materiais, as realidades celestes do que realidades terrenas, de acordo com a recomendação do Senhor (Mt, 6,33): “Procurai primeiro o reino de Deus e sua justiça e o resto — o comer, o beber e o vestir — ser-vos-á dado por acréscimo”.
Na Oração Dominical, o Senhor nos ensina a observar esta ordem: primeiro pedimos as realidades celestes e em seguida os bens terrestres.

Em quarto lugar, a oração deve ser devota.

A excelência da devoção torna o sacrifício da oração agradável a Deus. Em vosso nome, Senhor, elevarei minhas mãos, diz o Salmista, e minha alma é saciada como de fino manjar.
A prolixidade da oração, no mais das vezes, enfraquece a devoção; também o Senhor nos ensina a evitar essa prolixidade supérflua: “Em vossas orações não multipliqueis as palavras; como fazem os pagãos” (Mt 6,7). Santo Agostinho recomenda, escrevendo a Proba: “Tirai da oração a abundância de palavras; no entanto não deixeis de suplicar, se vossa atenção continua fervorosa”.
Esta é a razão pela qual o Senhor instituiu a breve oração do Pai Nosso.
A devoção provém da caridade, que é o amor de Deus e do próximo. O Pai Nosso é uma manifestação destes dois amores.
Para mostrar nosso amor a Deus, o chamamos «Pai» e para mostrar nosso amor ao próximo, pedimos por todos os homens justos, dizendo: «Pai nosso», e empurrados pelo mesmo amor, acrescentamos: «perdoai as nossas dívidas».

Em quinto lugar, nossa oração deve ser humilde.

Segundo o que diz o Salmista (Sl 101, 18): “Deus olhou para a prece dos humildes”.
Uma oração humilde é uma oração que certamente será ouvida, como nos mostra o Senhor, no evangelho do Fariseu e do Publicano (Lc 18, 9-15) e Judite, rogando ao Senhor, dizia: “Vós sempre tivestes por agradável a súplica dos humildes dos mansos”.
Esta humildade está presente na Oração Dominical, pois a verdadeira humildade está naquele que não confia em suas próprias forças, mas tudo espera do poder divino.
  (Dos Sermões de São Tomás de Aquino)

Fonte:   capelasantoagostinho.com                                                                                                                                    

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