domingo, 16 de dezembro de 2012

Nos bastidores do Concílio Vaticano II


Abertura do Concílio Vaticano II, também para a entrada dos
Liberais, Marxistas e Modernistas na Igreja...

Uma passagem histórica que não é comentada e analisada na profundidade que se deveria - naturalmente - é o Concílio Vaticano II, o que, para sanar a sede de conhecimento, nos remete aos preciosos escritos de um singular membro do Concílio Vaticano II, Mons. Marcel Lefebvre. É imprecindível ouvir com atenção e discernimento as palavras que pululam em diversos textos de Mons. Lefebvre para que se entenda como  organizou-se o Concílio, quais foram os golpes deferidos pelos Modernistas e Liberais e enfim quais eram as "técnicas" que se desenvolveram, mesmo anteriormente a abertura do Concílio, para que, quando da sua aplicação orquestrada, o veneno circulasse nas veias da Igreja e a paralisasse, deixando-a inerte e aberta ao mau, tal qual uma seta lançada contra um martír.


Não é segredo para ninguém, e mesmo isso confessa D. Lefebvre (deste momento em diante vamos chamá-lo pelo último título de Arcebispo), que as mudanças que iriam advir do CVII eram necessárias em alguns casos especiais, o que preenchia de alegria e entusiasmo os corações da maioria dos Bispos presentes que tinham em mente somente o bem da Igreja; "Então, quando o Concílio se preparava para ser um clarão luminoso no mundo de hoje, se tivessem sido utilizados os textos pré-concíliares nos quais se encontrava uma profissão solene da doutrina segura em relação aos problemas modernos, pode-se e deve-se infelizmente afirmar que de uma maneira quase geral, quando o Concílio inovou, abalou a certeza das verdades ensinadas pelo magistério autêntico da Igreja como pertencendo definitivamente ao tesouro da Tradição."¹ "Uma vez que há um momento em que é preciso saber repor as coisas no seu devido lugar, eu lembrarei que não era refratário à reunião de um concílio ecumênico em 1962. Pelo contrário, eu o saudei com uma grande esperança. [...] Eu reconhecia que se impunha uma renovação para por fim a uma certa escleroze que provinha do fato de se haver cavado um fosso entre a oração, acantonada nos limites dos lugares de culto, e a ação, a escola, a profissão, a cidade."²

Quando D. Lefebvre afirmou que o Concílio inovou, ele não fora somente um Monsenhor pragmático sozinho no meio de lobos, sonorizando em nome de todos os fiéis o apoio ao eterno e e imutável, mas em diversos outros escritos e conferências deixa claro qual era o verdadeiro "espírito" que reinava no Concílio: Renovação da Igreja para o mundo, algo intrisecamente incompatível. E para que se entenda o tempo hodierno em que a Igreja se encontra, é necessário voltar-se para o concílio e indaga-lo sobre sua proposta. É necessário encará-lo por meio de seus documentos e perguntar: Afinal, qual era seu objetivo?

Ora, a confissão anterior de D. Lefebvre é a prova cabal e definitiva que põe fim ao discurso de que a crítica católica "tradicional" é infundada contra o Vaticano II. Vale ressaltar que o "Coetos Internationalis Patrum", comissão que por necessidade se formou no interior do Concílio, era integrado por 250 Bispos e Monsenhores que em uníssono trabalhavam a fim de fazer o CVII brilhar com resultados candentes para a Igreja. Vamos acusar todos eles de insanidade ou delírio coletivo?

Esta mesma agremiação, santa agremiação jamais vista para salvaguardar a verdade, também era a favor de que o Concílio se tornasse dogmático, condenando uma profunda heresia que surgira no período anterior e que atingia todo o orbi: o Comunismo, algo que fora contrariado não só por Paulo VI - que não se esqueça que ele certa vez foi expulso do Vaticano, ainda quando Padre, por fazer apologia ao Comunismo - como por todos os demais bispos comprovadamente Liberais e Modernistas, pois, eles não poderiam revogar o Concílio de Trento com pena de se exporem e também não poderiam condenar o que lhes era caro, então, realizariam somente um concílio pastoral, não-dogmático, mas apostata que, com a pesada aplicação de seus termos redundantes e contraditórios, se tornaria na "boca e no pensamento de todos" dogmático. Dizia D. Lefebvre após certa ponderação: "[...] A recusa deste concílio pastoral em condená-lo solenemente basta sozinho para condená-lo de vergonha diante de toda a história; quando se pensa nas dezenas de milhões de mártires, nos cristãos e nos dissidentes despersonalizados cientificamente nos hospitais psiquiátricos, utilizados como cobaias nas experiências... E o Concílio pastoral se calou."³

No princípio deste [CVII], os trabalhos estavam se encaminhando com dicernimento, serenidade e sapiência; trabalhavam mais de 2.400 Bispos no Concílio e somente pela comissão central preparatória, ao qual o até então Mons. Lefebvre era adido, foram elaborados no decorrer de dois anos mais de setenta esquemas preparatórios.  Tais esquemas, já no período em que foram erigidos os membros liberais como secretários, no prazo de somente alguns dias, foram todos rejeitados pela Comissão Principal, trocados assim por outros preparados a posteriori cuidadosamente pelos mesmos. Não existia neste momento o CIP, que fora organizado justamente para combater o modernismo que já mostrava sua cauda venenosa, como um escorpião, mais tarde, mas somente bispos de diferentes posições, alguns doutos outros não, que discutiam entre si o proposto e o IDOC. A organização ulterior, também a princípio, fora definida pelo Cardeal Ottaviani mediante escolha direta dos integrantes de cada comissão especializada, o que misteriosamente fora modificado por Paulo VI após a pressão dos liberais que cobravam a liberdade de formação de cada grupo, o que ao final se delegou as Conferências Episcopais, incapazes e diminutas na época para tal encargo. 

Em 11 de Outubro de 1962, no decorrer do Concílio, os progressistas se manifestaram ocultamente, furtando por meio de pressão e também por cooperação dócil o trabalho responsável de vários Bispos, embasado na mais fina teologia escolástica, patrística e na mais pura e destilada Filosofia Tomista. Indignado com o ocorrido, confessava D. Lefebvre: "Tivemos [a maioria dos eclesiásticos presentes] a Impressão de que se passava alguma coisa de anormal, e esta impressão se confirmou rapidamente: quinze dias após a sessão de abertura, não restava mais nenhum dos setenta e dois esquemas. Tudo havia sido recambiado, rejeitado, lançado ao cesto." 4

Quem foram os responsáveis por tal encaminhamento do Concílio? Ora, também, semelhante ao CIP (Coetos Internationalis Patrum), se organizou um outro grupo composto por teólogos liberais, marxistas, adidos à teologia da libertação e modernistas, chamado de IDOC (Organização de Cardeais da Margem do Reno em português) que como diz o próprio nome, era composto por membros da Holanda, Alemanha, França e Áustria (países próximos a margem do Reno). Existiam duas diferenças básicas que diferenciavam esta organização do CIP: Embora pequena, a sua organização era titânica, monstruosa; Sua teologia era Liberal e Modernista. O pontífice sem dúvidas fora cúmplice do IDOC, já que cedia a todas as petições a ele encaminhadas para reprimir as alíneas e documentos que manifestassem a Tradição; tinha de ocorrer, pois, uma mudança completa e desastrosa como resultado. 

Esta organização era muito privilegiada e munida - impressionantemente - de dinheiro, secretários, gabinetes, mensageiros  e etc. "Estes cardeais se viam regularmente e sua organização, que existiu durante o Concílio, tinha uma multidão de secretários, escritórios, dinheiro em quantidade, fornecido pelas conferências episcopais, principalmente pela holandesa e pela alemã que, por serem muito ricas, financiavam todo esse secretariado.","[...] o grupo que defendia as teses liberais estava organizado de maneira inacreditável, enquanto que os outros Padres, que tinham vindo de suas dioceses, sem pensar um só momento que poderia chegar a existir uma organização desse gênero para condicioná-los de determinada maneira, se encontraram desprevenidos, completamente inertes. Pensava-se que a maioria dos Padres ia defender simplesmente as teses tradicionais e que ninguém poderia defender teses secularmente condenadas pelos Pontífices. Pois bem, por infelicidade, estou pessoalmente convencido de que essa organização logrou triunfar no Concílio, e o fez desde o começo, desde os primeiros dias." Dizia D. Lefebvre 5

Resultado: O Concílio teve seu curso modernista mantido com o aval papal, vários teólogos socialistas e liberais continuaram obstruindo com um espesso fumo (não me refiro ao produto do seus charutos e cigarros) às boas mudanças que deveriam ocorrer, empregando por sobre ela um grande ventilador, de pás enormes e largas, que distribuia com eqüidade e proporcionalidade a fumaça negra e fétida, de maneira que, com os olhos lacrimejando e embaçados, o Papa pôs fim ao Concílio rubricando as várias cartas - quem não se lembra da decadente Lumen Gentium? - lançando mão do Novus Ordo Missae. O Concílio aspirava ares maiores, queria agradar a todos os homens, bons e maus, a todas as religiões, verdadeiras ou não, a todos os sistemas políticos, Católicos ou não. Nota-se, caros fiéis, que houve algo demasiadamente errado, porque "É um absurdo introduzir frases equivocadas em um Concílio de 2.350 Bispos." 6

Ainda, mais uma vez, a culpa do desastre é distribuída (o que é deveras enganoso), algo que mais se assemelha plenamente com um diamante; não porque este seja belo e singular, mas porque reflete de maneira dramática, imediata e fielmente em suas facetas a luz exterior, e se bem lapidado, os reflexos se tornam astronômicos em número. Urgia a Franco-Maçonaria por um lado, Marxismo por outro, Teologia da Libertação de mais um lado, Modernistas de outro. Todavia, é algo tão evidente e primário o fato de que o chefe é o Papa que se esquecem que ele tinha o direito de veto, que ele foi eleito Papa pela providência do Espírito Santo que sustenta a Igreja, que ele iniciou e findou o Concílio; assim, a culpa máxima, infelizmente, só aponta ao vigário de Cristo. Que não se imagine ou cogite que sou sede-vacantista, pois a cisão nunca fora de meu agrado; e ainda mais, uma das condições básicas de minha salvação é que eu pertença a Igreja e reconheça o Pontífice, algo que faço humildemente, servindo à Cátedra Petrina enquanto esta pregar a doutrina eterna, algo que tenho em comum com D. Lefebvre, D. Castro Mayer e todos os Católicos que conhecem o mínimo da Doutrina. Mas é óbvio que a realidade e a verdade impõe que alguém receba a culpa em caso último, seja por privilegiar os Protestantes, os Judeus, os Islâmicos e etc, seja por dar margem a erros grotescos que levarão milhares (porque não milhões?) ao inferno; esse alguém corresponde por João XXIII e Paulo VI; um por iniciar e convidar os hereges, outro por negligenciar e aprovar a "proibição" 7 da Missa de Sempre em detrimento da instituição do Novus Ordo Missae. A radicalidade para expulsar o Satanás dos recintos do Vaticano não fora empregada, mas sim amaciada e maleada consciente ou inconscientemente. Como proferiu D. Lefebvre, com outras palavras, por algum mistério da providência divina tais papas permitiram que o mau adentrasse na Igreja de Cristo 8.

Um ponto que quero chamar a atenção é o alinhamento do CVII com a Cartilha dos Direitos Humanos, que em seu conteúdo excuso dá a liberdade do homem escolher sua religião (algo em voga na Revolução Francesa), dever de se esquecer de Deus, dever do Estado ser laico, dever de se relativizar o máximo possível e etc; ou seja, porquanto que o homem não possua referencial de Latria e nuances de Catolicismo, tudo certo, tudo ótimo. Ora, chega a ser redundante afirmar que tais direitos (afora aos maus e condenados pela Igreja) sempre foram garantidos onde a Igreja reinasse: Direito de Propriedade, direito de existência plena da família, direito de liberdade (não libertinagem) e etc; mas acontece que a ONU, a Franco-Maçonaria, os revolucionários, todos optavam por apoiar a cartilha, então, em um surto de criatividade resolveu o Vaticano reconhecer que seria maravilhoso a igreja conviver na diversidade de religiões. Péssima resolução...

Notadamente, a Maçonaria lamentou o falecimento de tão bom papa como João XXIII (vejam, ele agradou a Franco-Maçonaria!) como fica em evidência nos cartazes distribuídos pelo Grande Oriente do México e demais cartas que circularam em todo o mundo. Em Roma a Loja P2 (Propaganda 2) também deve ter lamentado, entretanto, ela estava tranqüila e totalmente segura, já que o futuro não seria mais o mesmo com o fim do Concílio.

Como outras vezes pedi a você leitor, veja, olhe ao seu redor de onde você estiver. Bem vindo ao Vaticano II...
_______

¹ - "Resposta de D. Marcel Lefebvre ao Cardeal Ottaviani", redigida e enviada em 20 de dezembro de 1966 à Roma. Autoria de D. Marcel Lefebvre. Fonte: Site Permanência (clique aqui para visitar). 
² - Conferência "O Vaticano II é o 1789 na Igreja" redigida e enviada em 20 de dezembro de 1966 à Roma. Autoria de D. Marcel Lefebvre. Fonte: Site Permanência (clique aqui para visitar).
³ - Ibid.
4 - Ibid.
5 - Conferência "Pela Honra da Igreja", proferida em 29 de Setembro de 1975 na cidade de Viena. Autoria de D. Marcel Lefebvre. Fonte: Site Permanência (clique aqui para visitar).
6 - Ibid
7 - Tal "proibição" é impraticável e em matéria de doutrina e fé gravíssimo, dado que um Concílio Dogmático definiu que a missa derivada do mesmo Concílio de Trento permanecerá imutável. Pela graça de Deus S.S. Bento XVI reconheceu isto, todavia, muitos bispos ainda querem por embargo a realização do Santo Sacrifício.

Nenhum comentário:

Postar um comentário