terça-feira, 29 de outubro de 2013

Dom Lefebvre – A Missa Nova de Paulo VI é uma missa envenenada; ela não poderia ser uma verdadeira lei.

Por Dom Bernard Tissier de Mallerais, Mons. Marcel Lefebvre – Una Vita
Mons. Lefebvre una vita
Fonte: TISSIER DE MALLERAIS, Bernard. Mons. Marcel Lefebvre – Una vita. Trad. Italiana: Giuliana Cutore. Chieti: Edizioni Tabula fati, 2005, pp. 529 e 530.
Uma liturgia envenenada
Rapidamente, Monsenhor Lefebvre não tolera mais que se participe da missa celebrada segundo o novo rito, senão de modo passivo, em ocasião, por exemplo, de funerais. Não quer declarar intrinsecamente má a missa nova no sentido de que uma coisa seja dita intrinsecamente perversa, mas reputa que seja má em si mesma e não somente pelas circunstâncias que circundam o rito, como a mesa que substitui o altar ou a comunhão na mão.
Mas como é possível que um Papa tenha podido promulgá-la? Já que, em teoria, essa missa, que constitui verossimilmente uma lei universal da Igreja, está garantida contra qualquer erro e contra qualquer perigo para a fé pela infalibilidade do magistério do Papa, segundo a opinião comum dos teólogos. O Arcebispo responde às objeções em 1981:
Tanto os critérios externos (as circunstâncias de sua instituição), quanto os critérios internos (a análise do rito), quanto os frutos da nova missa mostram que ela, sem ser herética, concorre à perda da fé e que ela não poderia ser uma verdadeira lei, como diz o Padre Giuseppe Pace: “Salta aos olhos que a nova legislação não é ad bonum commune [para o bem comum] como é requerido para uma lei: essa não procura o bem comum”.
Não – repete o prelado [Mons. Lefebvre] – não é de modo puramente acidental e extrínseco que essa missa é má. Há nela algo que é verdadeiramente mau. Ela foi feita sob o modelo da missa de Crammer [Arcebispo da Canterbury, que redigiu a primeira edição do Common Book of Prayer em 1548, o qual substituiu a missa católica] e da missa de Taizé (1959). Como, de resto, eu disse em Roma àqueles que me examinavam: é uma missa envenenada!”
Quem presidiu isso? Quem quis mudar nossa espiritualidade? Envenenaram nossa liturgia. Alguns dizem: “Sim, mas é um veneno lento”. Sim, é um veneno lento, mas ainda assim é sempre um veneno.
[Os destaques não são do original].
*****
Comentário do Prof. Orlando Fedeli sobre o livro de Dom Tissier de Mallerais citado acima:
Dois livros
Queria fazer algo bem agradável: elogiar duas pessoas que, talvez, não me estimem, mas às quais admiro nos livros que escreveram.
Li, já faz alguns meses um livro excelente de Dom Tissier de Mallerais. Bispo da Fraternidade Sacerdotal São Pio X, contando a vida de Dom Marcel Lefebvre (Mons. Bernard Tissier de Mallerais, Mons. Marcel Lefebvre. Una Vita, Ed Tabula Fati, Chieti, 2005, versão em italiano da obra de mesmo título, em francês).
Conheci Dom Lefebvre, um dia. Como conheci Dom Antônio de Castro Mayer durante quase “una vita”.
Confesso que comecei a ler essa obra com um certo temor. Temor de que ler fosse um exagerado panegírico, que não se importasse muito com os fatos, pela exaltação do entusiasmo.
E uma das melhores coisas que constatei – e com alegria! Com verdadeira alegria! – no livro de dom Tissier de Mallerais sobre Dom Lefebvre foi a completa ausência de paixão, unida a um grande zelo pela verdade histórica. Nada de cego amor, deturpando a verdade. Um grande equilíbrio de apreciação dos fatos unida a uma admiração correta pelo Fundador da FSSPX. E é esse equilíbrio de Dom Tissier que exalta ainda mais a figura extraordinária de Dom Lefebvre.
Monsenhor Tissier não procurou esconder falhas de temperamento, e até erros de apreciação existentes no fundador da FSSPX. Contou-os. E contando-os sinceramente, foi mostrando como a graça de Deus tomou um homem e o foi levando, pouco a pouco, a descobrir a malícia da serpente nos erros modernos. Como a luz da verdade foi iluminando a alma de dom Lefebvre, fazendo-o ver cada vez mais claramente, à luz da verdade que crescia em sua alma, os erros e as heresias do modernismo infiltrado na Igreja, numa proporção, que, inicialmente, nem Dom Lefebvre e nem Dom Mayer suspeitavam.
E essa foi a glória desses dois Bispos: inicialmente não percebiam totalmente o mal. Mas quando o perceberam em toda a sua profundidade, eles tomaram posição decidida e heróica pela verdade, até o ”martírio” da excomunhão injusta e nula.
Querem ver um ponto que mostra a completa isenção do autor desse belo livro que recomendo, e que todo católico fiel deve ler, para bem conhecer a História da Igreja no século XX, e como Deus a escreveu usando dois Bispos Confessores?
Dom Tissier, em certo ponto, contando a resistência de alguns Bispos fiéis durante o Concílio Vaticano II, diz que a alma dessa resistência era então… Dom Sigaud!
Claro que esse senso de justiça demonstrado pelo autor impressiona e lhe traz autoridade. Um autor panegirista exageraria até à falsidade os fatos, e não diria tal coisa. O que mostra a objetividade de Dom Tissier de Mallerais é que ele não procurou exaltar injustamente Dom Lefebvre, atribuindo a ele apenas, e só a ele, toda glória. Da mesma forma, Dom Tissier mostra, em outra momento, a ajuda que Dom Mayer deu a Dom Lefebvre, num momento em que a tempestade era maior, e momento no qual o grande Bispo francês poderia flectir.
O auge do livro pareceu-me ser atingido no capítulo em que Dom Tissier narra os diálogos de Dom Lefebvre com Paulo VI e com os Cardeais modernistas da Cúria, que tentavam quebrar a sua fidelidade.
Dom Lefebvre, acusado muito injustamente por Paulo VI de um ato que não ocorrera, chora e não se rebela. Um gigante de fidelidade à verdade em pranto diante do Papa que impulsionava o culto do homem, e que, enquanto Papa, ele devia respeitar, mesmo quando ele o caluniava, sem ceder, porém em nada, quanto à Fé.
Admirável! Realmente admirável!
É a narrativa da vida de um santo. Porque se trata disso.
Dom Lefebvre e Dom Mayer, – agora a história do Pontificado de Bento XVI o prova -, foram grandes confessores da Fé. Porque, se a Missa deve ser restaurada, se eles sozinhos combateram por isso, a restauração da Missa tridentina será a proclamação da virtude heróica desses dois Bispos extraordinários, sendo ao mesmo tempo, a condenação simbólica do Concílio Vaticano II. Dois Bispos ímpares, dos quais o autor dessa biografia não escondeu pequenas falhas, para tornar ainda mais patente que sua grandeza e seu “martírio” foram obra de Deus.
De Deus, sempre bendito em seus santos.
É com alegria, pois que elogio esse livro. E é com devoção entusiasta que vejo dois Bispos que conheci e estimei em Deus serem afinal exaltados em toda a glória que mereceram.
[...]
[Os destaques não são do original].


Fonte:http://guilhermechenta.com
In Corde Jesu, semper,
Orlando Fedeli
São Paulo, 15 de junho de 2007

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