terça-feira, 13 de outubro de 2020

Ato de Aceitação da Morte






Adoro, meu Deus, vosso ser eterno; ponho nas vossas mãos o que Vós me destes  e que há de cessar pela morte no momento em que Vós o houverdes disposto. Aceito desde agora esta morte com submissão e espírito de humildade, em união de que sofreu meu Senhor Jesus Cristo; e espero com esta aceitação merecer vossa misericórdia para sair felizmente dum passo tão terrível.

Desejo, ó meu Deus, fazer-vos com minha morte um sacrifício de mim mesmo, rendendo a devida homenagem à grandeza de vosso ser pela destruição do meu Desejo que a minha morte seja um sacrifício de expiação, que aceiteis Vós, ó meu Deus, para satisfazer a vossa justiça por tantas ofensas; e com esta esperança, aceito com gosto tudo o que a morte tem de mais horroroso para os sentidos e para a natureza.

Consinto, ó meu Deus, na separação da alma do meu corpo, em castigo das vezes que por meus pecados me separei de Vós. Aceito a privação do uso de meus sentidos, em satisfação das ofensas que por eles cometi.

Aceito, Senhor, que meu corpo seja escondido na terra e pisado, para castigar o orgulho com que procurei mostrar-me ás criaturas; aceito que elas não se lembrem mais de mim em castigo do prazer que tive em que me amassem, aceito a solidão e horror do sepulcro, para reparar minhas dissipações e divertimentos perigosos; aceito, enfim, a redução de meu corpo a pó e cinza, e que seja comido dos vermes, em castigo do amor desordenado que tinha por ele.
Ó pó, ó verme! eu vos aceito, eu vos estimo, eu vos considero como instrumentos da justiça de meu Deus, para castigar a soberba e orgulho que me fizeram rebelde a seus preceitos; vingai os seus interesses, reparai as injurias que eu fiz, destruí este corpo de pecado, este inimigo de Deus, estes membros de iniquidade, e fazei triunfar o poder do Criador sobre a fraqueza de sua indigna criatura. A tudo me sujeito, ó meu Deus, como também à sentença que vossa justiça divina quiser dar à minha alma no momento de minha morte.

Jesus, Senhor Deus de bondade e Pai de misericórdia, eu me apresento diante de Vós com o coração humilhado contrito e confuso; imploro a vossa misericórdia para a ultima hora e para o que depois dela me espera.


Quando meus pés imóveis me advertirem de que a minha carreira neste mundo está próxima a terminar: - ó misericordioso Jesus, tende piedade de mim.

Quando minhas mãos tremulas e entorpecidas não puderem já sustentar a vossa imagem crucificada, e a meu pesar a deixar cair sobre o leito de minhas dores: - ó misericordioso Jesus, tende piedade de mim.

Quando meus olhos, já vidrados e ofuscados pelo horror da morte iminente, se fixar em Vós, com um olhar languido e moribundo: - ó misericordioso Jesus, tende piedade de mim.

Quando meus lábios, frios e trêmulos, pronunciarem pela última vez o vosso nome adorável e o de vossa Mãe Santíssima: - ó misericordioso Jesus, tende piedade de mim.

Quando minhas faces pálidas e lívidas inspirarem aos circunstantes compaixão e terror, e os meus cabelos, banhados com o suor da morte, anunciarem estar próximo o meu fim: - ó misericordioso Jesus, tende piedade de mim.

Quando meus ouvidos estiverem próximos a cerrar-se para sempre aos discursos dos homens, e a abrir-se para escutar a vossa voz e a vossa irrevogável sentença: - ó misericordioso Jesus, tende piedade de mim.

Quando minha imaginação, agitada por temerosos fantasmas, estiver submersa em mortais tristezas, e o meu espírito, perturbado pelo temor da vossa justiça, ao lembrar-se de minhas iniquidades lutar contra o demônio, que buscará precipitar-me na desesperação: - ó misericordioso Jesus, tende piedade de mim.

Quando meu débil coração, oprimido pelas dores da enfermidade, exausto de forças, pelos esforços que tiver feito contra os inimigos de minha salvação, estiver tomado dos horrores da morte: - ó misericordioso Jesus,tende piedade de mim.

Quando derramar a minha última lágrima, sintoma da minha destruição, ah! recebei-a em sacrifício expiatório, a fim de que eu morra como vítima de penitência e naquele terrível momento: - ó misericordioso Jesus, tende piedade de mim.

Quando meus parentes e amigos, estando em torno de mim, se enternecerem ao ver meu lastimoso estado, e por mim vos invocarem: - ó misericordioso Jesus, tende piedade de mim.

Quando perdido o uso dos sentidos, todo o mundo desaparecer da minha vista, e eu gema entre as angústias da última agonia e as ânsias da morte: - ó misericordioso Jesus, tende piedade de mim.

Quando as últimas ânsias do coração forçarem a minha alma a sair do corpo, aceitai-as como sinais duma santa impaciência de chegar a vós; e então: - ó misericordioso Jesus, tende piedade de mim. 

Quando esta alma, saindo, abandonar o meu corpo e o deixar pálido, frio, sem movimento e sem vida, aceitai, Senhor, a destruição de meu ser como homenagem que presto à vossa divina majestade, e naquela hora: - ó misericordioso Jesus, tende piedade de mim.

Quando, finalmente, a minha alma comparecer na vossa divina presença e vir, pela primeira vez, o esplendor da vossa glória, não a expulsei da vossa presença, mas dignai-vos recebê-la benignamente, no seio de vossa misericórdia, para que cante eternamente as vossas misericórdias; e então, agora e sempre: - ó misericordioso Jesus, tende piedade de mim.

Pelos merecimentos e intercessão de Maria Santíssima, Mãe e advogada dos pecadores, que espero rogará por mim na hora de minha morte: - ó misericordioso Jesus, tende piedade de mim.

Jesus, Maria e José, eu vos dou o meu coração e a minha alma.
Jesus, Maria e José, assisti-me na minha última agonia.
Jesus, Maria e José, fazei que descanse em paz a minha alma.

                                                                                                  (300 dias de indulgências) 


In: O Caminho Reto, Editora Ave Maria Ltda - 1944


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