Por São João Maria Vianney, Cura Dar's
Há sempre
alguém que vem me dizer: "Padre, que mal existe em uma pessoa se
divertir um pouco? Eu não faço mal a ninguém... Eu não sou um religioso e
nem pretendo sê-lo! Se eu não puder sequer dançar um pouco, eu estarei
passando a minha vida nesse mundo como se fosse um morto!"
Meu caro
amigo, você está muito errado. Ou você se torna um religioso, ou você
será um condenado. E o que é ser uma pessoa religiosa? Nada mais é do
que uma pessoa que cumpre com todos os seus deveres como Cristão. Você
me diz que eu não vou conseguir nada tentando convencê-lo a respeito do
mal que existe nas danças e que você não vai se tornar por isso, nem
mais e nem menos indulgente a esse respeito.
Mas eu lhe
digo: você está errado novamente, pois ao ignorar e desprezar as
instruções do seu pastor, você atrai sobre si a ira e os castigos de
Deus, e eu pelo meu lado, serei recompensado por ter cumprido com os
meus deveres. Na hora da minha morte, Deus não vai me perguntar se você
cumpriu ou não com as suas obrigações, mas sim, se eu lhe ensinei ou não
o que você deveria fazer para cumprir com seus deveres.
Você
também me diz, que eu nunca conseguirei quebrar a sua resistência, a
ponto de fazê-lo acreditar que existe algum mal em divertir-se dançando.
Você não quer mesmo acreditar que existe algum mal nisso, não é
verdade? Bem, isso é problema seu. Que eu saiba, é suficiente pra mim,
falar-lhe num modo, que me assegure que ao fazê-lo, estarei fazendo
aquilo que como pastor eu deveria fazê-lo. Portanto, que isso não lhe
irrite! Seu pastor está apenas cumprindo com o dever.
Mas você me
dirá: Nem os 10 Mandamentos e nem tampouco toda a Sagrada Escritura
proíbe alguém de dançar! Talvez você diga isso porque não os examinou
atentamente. Siga o meu raciocínio por um momento e eu lhe mostrarei que
não existe um só mandamento, ao qual as danças não levem à transgressão
e não existe um só sacramento que não seja profanado por causa das
danças.
Você sabe
tão bem quanto eu, que essas folias e extravagâncias selvagens,
acontecem principalmente nos domingos e feriados. Que você me diz então
daquele jovem ou daquela jovem que decidiram ir a um baile ou a uma
festa dançante? Qual o amor que eles tem por Deus? Suas mentes estarão
totalmente ocupadas com os preparativos para chamar a atenção daqueles
com os quais eles estarão misturados.
Suponhamos
que eles já tenham feito suas orações. Com que espírito essas orações
foram feitas? Só Deus sabe! Por outro lado, que tipo de amor a Deus uma
pessoa pode sentir, quando seu coração está suspirando e pensando
somente nos prazeres e nas criaturas? Nesse ponto você terá que admitir
que é impossível agradar a Deus e ao mundo ao mesmo tempo. Aliás, isso
nunca será possível!
Deus também
proíbe "juras". Sabe Deus, quantas querelas, quantas juras e blasfêmias
são proferidas como resultado das ciumeiras que se levantam entre a
juventude, quando eles estão reunidos nesses encontros! Vai me dizer que
não acontecem freqüentemente, disputas e brigas nesses locais? Quem
poderia contar quantos crimes são cometidos nesses encontros diabólicos?
O Terceiro
Mandamento, manda-nos guardar os dias santos e nesse caso, o Domingo em
particular. Será que alguém poderia realmente acreditar, que um rapaz
que passou várias horas do Domingo com uma garota, com o coração aceso
como uma fornalha, estaria realmente satisfazendo esse preceito? Santo
Agostinho tem boas razões em dizer que um homem faria melhor coisa em
passar o dia inteiro trabalhando na terra e as garotas, tecendo, do que
irem para esses encontros dançantes. O mal seria bem menor. O Quarto
Mandamento diz que os filhos devem honrar seus pais. Esses jovens que
freqüentam bailes, será que possuem o respeito e a submissão que eles
devem a seus pais? Não, certamente que não. Eles causam a seus pais
maior preocupação e desgosto do que você pode imaginar! Tanto pelo modo
com o qual eles ignoram seus desejos e pelo mal uso que fazem do
dinheiro, como também por criticarem e zombarem de seus pais chamando-os
de "fora-de-moda".
Quanta dor
tais pais devem sentir!– isto é, se a fé deles ainda não se extinguiu
por completo–, ao verem seus filhos se lançarem em tais prazeres, ou pra
dizer de um modo mais claro, nesses caminhos licenciosos! Esses filhos
não são mais abençoados por Deus, mas estão sendo engordados para o
Inferno. Mas suponhamos que esses pais já tenham perdido a fé...
Coitados... eu sequer ouso ir mais adiante... Quão cegos são esses pais!
Quão perdidos são esses filhos! Pode por acaso existir algum outro
lugar, ou tempo ou ocasião em que tantos pecados são cometidos contra a
pureza, do que nos salões de bailes e danças? Não seriam nesses
encontros que as pessoas são incitadas mais violentamente contra a santa
virtude da pureza? Onde mais os sentidos são tão fortemente
impulsionados em direção da excitação dos prazeres?
Se formos
aprofundarmos ainda mais, deveríamos morrer de horror diante dos muitos
crimes que são cometidos ali! E não são nesses encontros, que o demônio
furiosamente acende o fogo da impureza no coração dos jovens, de modo a
aniquilar neles a graça do Batismo? E não são nesses locais que o
Inferno escraviza tantas almas quanto deseja?
Imagine
então: Apesar da ausência de ocasiões de pecado e do auxílio de tantas
orações já é tão difícil perseverar na virtude da pureza de coração,
como poderia então ser possível preservar tal virtude no meio de tantas
fontes de corrupção?
São João
Crisóstomo diz: "– Olhe aquela jovem mundana e leviana, ou melhor, olhe
para aquela pequena chama do fogo diabólico, que com sua beleza e gestos
"flamboyants", acende no coração daquele jovem, o fogo da
concupiscência. Você não os vê? Um mais do que o outro, buscando
atrair-se mutuamente pelos seus charmes e toda a sorte de truques e
ardis? Se você puder, pode contar, Ó infeliz pecador: o número de seus
maus pensamentos, ou maus desejos e suas ações pecaminosas! Não é nesses
lugares que você ouve aquilo que agrada aos seus ouvidos, que inflama e
queima os corações, fazendo dessas assembléias fornalhas de
"falta-de-vergonha"?
E não é por
acaso ali, meus caros irmãos, que os rapazes e moças, bebem diretamente
na fonte do crime, a qual logo, logo, se transforma num rio que
transborda o seu leito, arruinando e envenenando tudo à sua volta?
Pois eu
digo; continuem! Sigam em frente, pais e mães desavergonhados! Sigam
para o Inferno, onde a justiça e a fúria de Deus os aguarda com todas as
ações que vocês praticaram, permitindo aos seus filhos correrem tais
riscos. Pois sigam em frente, porque eles não demorarão muito a se
reunirem com vocês, já que vocês deixaram a estrada pavimentada para
eles. Sigam em frente e contem o número de anos que seus filhos e filhas
perderam! Apresentem-se diante do Supremo Juiz para prestarem contas de
suas vidas e ali vocês verão que o seu pastor tinha toda a razão ao
proibir essa espécie de prazer diabólico! Você me dirá: –Ah! Você está
apresentando as coisas maiores do que elas são realmente! Pois bem, você
acha que eu estou falando demais? Então ouça o que os Santos Padres da
Igreja dizem a esse respeito! São Efraim diz-nos que a dança é a
perdição de moças e mulheres, a cegueira dos homens, o lamento dos anjos
e a alegria dos demônios. Meu Deus! Será que alguém possui olhos tão
enfeitiçados a ponto de acreditar que não existe mal nenhum nisso,
enquanto essa é a corda com a qual o demônio arrasta a maioria das almas
para o Inferno? Então continuem, sigam em frente pobres pais, cegos e
perdidos! Sigam desprezando o que o seu pastor está dizendo para vocês!
Continuem no caminho que vocês estão seguindo! Ouçam tudo e não tirem
proveito de nada! Deixem entrar por um ouvido e sair pelo outro!
Quer dizer
que não existe mal algum nisso, não é? Digam-me então o que foi que
vocês renunciaram no dia do seu Batismo? Ou sob que condições o Batismo
lhes foi concedido? Será que não foi sob a condição de que ao fazerem
seus votos diante do Céu e da Terra, na presença de Cristo sobre o
Altar, vocês renunciariam a Satanás e todas as suas pompas e obras por
todo o tempo de suas vidas? Em outras palavras, que vocês renunciariam a
todos os prazeres e vaidades deste mundo? Não foi sob a condição de
abandonarem tudo para seguirem ao Cristo Crucificado que vocês foram
batizados? Sendo assim, não é verdade que vocês estão violando as
promessas de seu Batismo e profanando este Sacramento da Misericórdia?
Vocês não estariam também profanando o Sacramento da Confirmação, ao
trocar a Cruz de Cristo que vocês receberam, por vaidades e roupas
obscenas, envergonhando-se ao invés, da Cruz, a qual deveria ser para
vocês, glória e felicidade? Santo Agostinho diz-nos que aqueles que
freqüentam bailes, verdadeiramente renunciam a Jesus Cristo para poderem
se entregar ao demônio. Como isso é horrível! Expulsar Jesus depois que
vocês O receberam em seus corações! São Efraim nos diz: – Hoje vocês se
unem a Jesus Cristo, para logo depois, amanhã, se reunirem a Satanás!
Comporta-se exatamente como Judas Iscariotes, aquela pessoa que logo
depois de receber Nosso Senhor Jesus Cristo, vai vendê-lo a Satanás
nesses encontros, onde ela se reúne com tudo que existe de mais
pecaminoso!
E quando se
trata do Sacramento da Penitência? Oh! Quanta contradição em tais vidas!
Um Cristão que depois de um único pecado, deveria passar o resto de sua
vida no arrependimento, pensa apenas em se atirar nesses prazeres
mundanos! Uma grande maioria profana o Sacramento da Extrema Unção que
receberam num momento de dor, entregando-se depois a tudo quanto é
movimento indecente com os pés, as mãos e o corpo inteiro que um dia foi
santificado com os Santos Óleos.
Por outro
lado, o Sacramento das Sagradas Ordens também é insultado pelo desacato e
desprezo com os quais as instruções dos pastores são consideradas. Mas
quando chegamos ao Sacramento do Matrimônio, que Deus nos ajude! Quantas
infidelidades podemos contemplar nessas assembléias? Parece que tudo é
admissível. Quão cego é aquele que ainda pensa que não existe mal algum
nisso!
O Conselho
Municipal de Aix-la-Chapelle, proíbe danças, mesmo nos casamentos. E São
Carlos Borromeo, o Arcebispo de Milão, dizia que deveriam ser dados 3
anos de penitência àqueles cristãos que freqüentassem bailes e mais, que
se voltassem atrás, deveriam ser ameaçados com a excomunhão. Então, se é
verdade que não existe nenhum mal nisso, será que a Igreja e os Santos
Padres é que estariam errados?
Mas quem é
que diz que não existe mal algum nisso? Só pode ser um libertino, ou uma
mulher leviana e mundana que está tentando aliviar seu remorso de
consciência do modo mais conveniente possível.
Bem, você
poderia me dizer que há sacerdotes que não falam muito sobre isso
durante a Confissão ou que embora admitam ser pecado, nunca se recusam
em dar logo a absolvição para tal delito. Ah! Eu não saberia dizer se
tais sacerdotes são ou não tão cegos, mas eu posso assegurar-lhes que
todos aqueles que estão procurando por sacerdotes tão condescendentes,
estão buscando um passaporte que os leve diretamente para o Inferno. Da
minha parte, se eu mesmo tivesse freqüentado bailes, sei que não deveria
receber absolvição a não ser depois de ter uma firme resolução de não
voltar mais a freqüentar tais salões.
Veja bem o
que diz Santo Agostinho e depois você me dirá se as danças são ou não
uma boa ação. Ele nos diz que "as danças são a ruína das almas, o
inverso da decência, um espetáculo desavergonhoso e uma profissão
pública do crime". São Efraim chama as danças de: "ruína da boa moral e
alimento do vício". Já São João Crisóstomo: "Uma escola pública da falta
de castidade". Para Tertuliano, a dança era considerada: "O Templo de
Vênus, O Consistório da Falta de Vergonha e a Cidadela de toda a
depravação". Santo Ambrósio disse uma vez:
– Eis aqui
uma moça que dança! Mas não se esqueçam de que ela é filha de uma
adúltera, porque uma mãe verdadeiramente cristã, ensinaria à sua filha; a
modéstia, um sentido adequado de vergonha e absolutamente nada a
respeito de danças!
E agora eu
lhes pergunto; quantos jovens existem aqui, que desde que começaram a
freqüentar esses bailes, não freqüentam mais os Sacramentos? Ou quando o
fazem, fazem apenas para profaná-los? Quantas pobres almas existem que
perderam sua religião e sua fé! E quantos mais, nunca conseguirão abrir
os olhos para ver o estado infeliz em que se encontram, a não ser depois
que já tiverem caído no Inferno!...
Fonte: Alexandria Católica
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