segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Segredo de Fátima ou Perfídia em Roma? - Parte I




PRO ROMA MARIANA


por Arai Daniele, estudioso de Fátima, com vários livros publicados, correspondeu com Irmã Lúcia. Atualmente escreve no Jornal Effedieffe, em colaboração com Hutton Gibson, o professor Tomás Tello Corraliza, o engenheiro Alberto Fontan e outros católicos, sacerdotes e leigos.


SUMÁRIO


Apresentação de Hutton Gibson

Prefácio sobre a censura de Fátima

1 - Os factos históricos «mais claros» em 1960
2 -O enigma Ângelo Roncalli, professor modernista
3 - As alienações fatais da história moderna
4– O enigma do Núncio Roncalli, filo-mação
5 - A hora do "Papa bom", censor de Fátima
6 - João XXIII, homintern de transição ou mutação?
7- O «plano Seelisberg» que cativou João XXIII, Alberto Fontan
8 - Profecia sobre el poder de Israelem Roma
9 - A «Ideologia Modernista» que entregou a Verdade
10 - La profecía de la abominación en el Sacrificio
11 - A acusação católica contra o s «papas conciliares»
12 - La Ley de la Iglesia y la Apostasia geral, Tomás Tello Corraliza
13 - O «Segredo» do atentado, y el Anticristo
14 – Enigma do astro fatal segundo Gregório XVI

Epílogo - Segredo de Fátima ou perfídia em Roma
Anexo – U.R.I.
Bibliografia e abreviações


Quem não tinha amor de Deus Pai,
não queria receber Jesus, vindo
para cumprir a vontade do Pai.
Mas quando virá o Anticristo,
não para fazer a vontade o Pai,
mas a sua, nem a glória do Pai mas
a própria, este «outro» será recebido. E
será o castigo para aqueles que recusaram a
Verdade, de modo que passem a crer na mentira.
(Comentário de S. João Crisóstomo a S. João 5, na Catena Áurea)



Apresentação de Hutton Gibson

Eu sempre evitei revelações privadas. Para o meu propósito, nunca é um argumento. Depende para sua aprovação eclesiástica da sua harmonia com o Depósito da Fé. Não é dogma definido e não posso considerá-las essenciais para a salvação, porque, obviamente, a Igreja tem operado por séculos sem elas. No entanto, elas raramente ajudam a combater as heresias que caracterizam a "Igreja" pos-conciliar.

Este livro não é sobre a revelação privada, mas sim uma história de maus-tratos de revelações privadas, da exploração e controle da Irmã Lúcia por meio da obediência – podemos facilmente apreciar este estratagema – do que ela pode revelar. Quem vai acreditar, por exemplo, que um bispo que praticamente exigiu um relato por escrito do Terceiro Segredo, em seguida, enviou-o para Roma sem lê-lo para saber que valia o esforço [apesar da insistência da Irmã Lúcia para que ele o lesse]? Se a mensagem era irrelevante, em 1960, o que foi ganho por não liberá-la?

O inteiro tratamento de Roma sobre o assunto, atrai necessariamente suspeição, especialmente no subsequente clima criado pelo excesso de documentos e decretos do Concílio Vaticano II.

A verdade não é mais uma nota de Roma sob o governo conciliar: o modo como o evento de Fátima foi recentemente tratado o demonstra. Se os ministros de Jesus Cristo tiveram dificuldades em defender a Verdade católica até Pio XII, após a sua morte, esta defesa entrou em colapso.

Este é um facto histórico e uma vez que seria mais claro em 1960, como o Cardeal Ottaviani ouviu da Irmã Lúcia, há uma "coincidência espantosa" entre a data desse desastre e emblemático e do “conclave” seguinte, que elegeu João XXIII. Ele é aquele que, em 1960, já havia aberto a Igreja para qualquer engano e apostasia. Isto depois de censurar a descrição da "liquidação" do papa católico com seus fiéis seguidores, como descrito no Terceiro Segredo de Fátima.

Este livro definitivamente vale o esforço.


Prefácio sobre a Censura de Fátima

Na história cristã dos últimos tempos, Fátima é o evento sobrenatural, ao mesmo tempo mais assombroso, incompreendido e manipulado.
Quando o mundo moderno foi envolvido por guerras catastróficas e a funesta revolução comunista, gerando milhões de vítimas e demolindo o Cristianismo, a Providência divina suscitou um milagre inigualável para que a Igreja recorresse à sua ajuda extraordinária a fim de obter a conversão de um império capaz de mudar o curso de destruição com que ideologias falazes perverteram a humanidade.
Isto pode parecer hoje fantasia, mas não para o católico que ligou o milagre à história actual. Especialmente para quem reconheceu que a Aparição, com a sua oferta, ocorreu no dia 13 de Maio, como resposta às especiais orações da Igreja a que todos os bispos do mundo foram chamados desde o dia 5 de Maio pelo Santo Padre, à Rainha da paz.
Este era então Bento XV, o Vigário de Cristo responsável pela confirmação da Fé católica, que é essencialmente fé da in­tervenção divina na terra dos homens, e nesse evento milagroso havia todos os termos de resposta do Céu ao pedido da Igreja através do Papa.
Todavia, a oferta divina foi estranhamente ignorada.
Após aquele período de guerras devastantes, o mundo passou a viver num clima moral e religioso cada vez mais sórdido devido ao divórcio da Fé; alienação engendrada pelas ideias oriundas do iluminismo, do modernismo e do americanismo. Prevalecia a liberalidade ecumenista diante da verdade, indiferença fatal para as consciências humanas.
Assim, na era da comunicação total, circulam notícias de crises sinistras e perigos aterradores causados pelos homens, mas sobre suas causas e soluções só há confusão. A realidade hodierna é a decadência espiritual numa crise geral e profunda que atinge todos os níveis: da família ao estado, da justiça à política; onde não reinam violência e corrupção há perversões ocultas. Convive-se com a imoralidade, delitos e falsidades. Nunca a autoridade foi tão precisa, nunca tão ausente. Jamais houve controlos tão potentes; jamais tanta inconsciência.
Nunca a ajuda divina foi tão urgente, nunca tão ignorada!
No plano dos factos a tentação moderna a substituir a ordem natural cristã pela nova ordem mundial redundou num infausto revés. E hoje, não há mais como recorrer a poderes humanos para conter injustiças, desordens nacionais e chacinas mundiais. Qual a «causa» disso tudo? Para o cristão, a sociedade «liberada» da fonte divina da ordem e da lei, na onda da descristianização, não ficou mais livre, mas enveredou por no caos da degradação moral e mental. E todavia estava escrito: «Se guardardes a minha Palavra, sereis meus discípulos, conhecereis a verdade e a verdade vos tornará livres» (Jo. 8, 31). A liberdade tem por fim o bem conforme à razão; a liberdade de enganar-se e enganar, «demonstra que somos livres, como a peste que estamos vivos, mas da verdadeira liberdade humana não é senão falha» (Santo Tomás).
O católico para entender toda crise se volta para a Sede de Roma. Em 1958 lá morria Pio XII, e no seu lugar havia quem lera o «segredo divino» para prevenir o que ameaça o mundo. Era João XXIII, chamado o “papa bom”, que não negava de público a origem divina da profecia de Fátima, mas fora envolvido na ideia de um concílio para a paz e a fraternidade universal na terra: o Vaticano II, «sinal dos tempos»! Mandou pois arquivar a profecia de desditas, que aborrecia, sagrando a era iluminista, que vislumbrava. Surgia assim a “igreja espectáculo”.

Passados quarenta anos, o «segredo profético» foi desarquivado. Era a visão da virtual eliminação do papa católico com o seu séquito fiel que deixava a Cristandade arruinada, “decapitada” de um guia. Será que tal profecia confirma a visão da actual vida no mundo e na Igreja?
A demolição da Igreja e a desordem e perversão que vige na terra, que vive no meio de escombros morais e religiosos, é uma evidência, mas pode a grande comunicação entender o que ocorre no mundo chamado católico, se os mesmos clérigos não percebem o que lá foi perpetrado? Não pode. Todavia, esse mundo clerical, assim como aquele entretido por essa comunicação, crê na lenda do “papa bom” em paradoxal contraste com a sua obra religiosa. Tratar-se-ia talvez da burla de vigários de Cristo intentos a modernizar e «bonificar» a Sua religião? Algo como a censura feita a Jesus pelo grande inquisidor de Dostojevskij, para o qual, depois de Sua partida para o céu, só aos grandes sacerdotes compete discernir «sinais dos tempos» para guiar a grei na terra?
Ora, a visão da eliminação do papa católico com o seu séquito fiel configura um grande delito, mesmo se evidenciado em forma virtual.
Como é que sobre esse Segredo, esse sinal da demolição conciliar da Igreja, do qual já tanto se falou, só há confusão? Foi-se ao ponto de escrever livros para “provar” que o texto da visão foi forjado. Mas se o foi, o que parece inacreditável, então despontariam duas hipóteses: 1ª- O texto da visão do Segredo, sobre o virtual massacre do papa com o seu séquito, foi falsificado ou mutilado por falsários no Vaticano que substituíram, não só o texto, mas a Irmã Lúcia, que o confirmou.
2ª- O texto publicado em 2000 é verdadeiro e de facto o papa católico, guardião da verdade revelada, foi virtualmente “eliminado”.
As duas hipóteses apontam para o mesmo Vaticano: ou lá há falsários, ou lá foi “eliminado” o vigilante que impede as falsidades religiosas, que é o papa católico com seu séquito; só assim a S. Sede podia ter publicado documentos propostos como visões transmitidas por Maria Santíssima. Daí as acusações de serem falsos (veja SAN, TSF…).
De todo modo, estamos diante da visão de um delito; quer tal texto seja forjado, quer seja autêntico; não se escapa! Isto sim é espantoso!
No Antigo Testamento lemos do Profeta Daniel que investiga enganos (Dn. 13-14). Mas hoje, este delito – da virtual “eliminação” do Papa – não é investigado, como se os enganos cruciais na fé devam ser evitados.
Vamos tratar aqui desse ludíbrio no Vaticano que o Segredo espelha.
Para isto serve dispor o paralelo cronológico entre o evento profético de Fátima e os factos concernentes os Pontificados de seu tempo, isto é, de 1917 até 1958, com a morte do “Papa de Fátima”, Pio XII.
Dois factos não podem deixar de interessar a quem vê em Fátima a profecia trazida pela Mãe de Deus para ajudar seus filhos a superar males espantosos no nosso tempo. Estes factos marcam a sua história: - a dificuldade de acolher tal ajuda no tempo de Bento XV, Pio XI e Pio XII; - as tentativas de obscurece-la, com a censura de João XXIII, as manipulações e sua adaptação final à pessoa de João Paulo II.
Entre os dois factos se coloca a visão do Segredo, isto é do evento assinalado como um castigo mais devastador para a Fé da Igreja que as duas guerras mundiais e a revolução comunista. No tempo posterior à morte de Pio XII, castigo dessa dimensão só pode ser a hecatombe do Catolicismo e do Papa, que começou a tornar-se clara em 1960.
Visto que o tempo do primeiro facto se concluiu com a morte do Papa Pacelli em 1958, o último dos três papas que não acolheram devidamente a ajuda divina encerrada na profecia de Fátima, como não ver nisso uma causa da demolição espiritual que seguiu? Em outras palavras, visto que toda falha tem consequências, podia uma falha a este nível não ter por efeito um eclipse do Papado católico, representado na visão da virtual «eliminação» do papa? Não é um facto que este foi substituído por um “papado” capaz de manipular a Fé e Fátima?
Não equivalia isto à “decapitação” papal predita por Jesus à Irmã Lúcia na comunicação de Agosto de 1931: “Faça saber aos Meus ministros que, como eles seguem o exemplo do rei da França ao retardar a execução de Meu pedido, eles o seguirão na desgraça”? (Documentos de Fátima do P. Joaquim Alonso e «Entre Fátima e a Esfinge»).
Desta comunicação, que entra misteriosamente pela história adentro, há que tratar, pois foi referida a uma freira que ignorava e nunca entendeu qual fosse a “desgraça” mencionada.
Há pois que relacionar aqui estas questões de suma importância, que indicam delitos, para entender o papelão do actual cardeal Tarcísio Bertone, que veio duas vezes de Roma a Fátima para falar com a Irmã Lúcia, e nada conseguiu dizer de sério sobre esse grande mistério. Pelo contrário, só suscitou confusões e contradições, como veremos.
Estas são referência fundamental deste trabalho, ou seja, o paralelo entre a falha no respeito a um sinal que representa um desígnio divino, que começou com Bento XV até Pio XII, e a consequência desta na ofuscação da Fé Católica com João XXIII. João Paulo II publicou o Segredo contendo a visão do Papa católico «virtualmente eliminado» junto ao seu séquito fiel, para se colocar como centro do Segredo! O atentado que sofrera na Praça de São Pedro, porém, pouco ou nada reflectia de tal visão, que seria “mais clara em 1960”. A matança do papa, no paralelo cronológico a seguir, alude a um delito contra a Fé.
Tal delito não foi considerado até hoje no seu confronto com a visão virtual do Segredo. Todavia, é real na demolição conciliar que passou por longa inquirição, sempre calada e censurada pelo Vaticano, como fizeram com o Segredo! Eis como o paralelo se confirma, pois tudo ocorre como se as questões cruciais para a fé devam ser censuradas.
Este trabalho vai demonstrar a autenticidade e oportunidade histórica da Mensagem profética de Fátima pelo evento que revela virtualmente através da hecatombe do papa católico com seu séquito fiel.
A visão não reflecte evento histórico, mas o que simboliza sim, pois é sinal para reconhecer falsificações na Doutrina da Fé, em nome da autoridade da Sede de Pedro foi ocupada e esvaziada do Espírito de Jesus Cristo! Há, pois, questões cruciais concernentes o delito da visão profética do Segredo de Fátima que apontam para: - o Papa vítima de um complô; - a data referida a eventos históricos ligados ao Papado;
- o plano visando uma Cristandade demolida na sua Fé e despojada de um chefe católico.

A manipulação das provas do Segredo de Fátima

Para a verdade do Segredo de Fátima pode-se evocar o que o ancião Gamaliel disse no Sinédrio aos perseguidores dos cristãos: “Se vem de homens, se desfará por si; mas se vem de Deus, não a conseguireis demolir; ao tenta-lo arriscais de adversar Deus mesmo" (Act. 5, 38-39).
No curso religioso da história não é raro o facto que a acção adversa a um sinal da Providência acaba sempre por desmascarar seus autores.
A relação de questões tormentosas que a terceira parte do Segredo de Fátima, conhecida como o Terceiro Segredo, continua a suscitar num crescendo, atinge um clímax paradoxal com a recente publicação de dois livros. O primeiro é o livro “L’ultima veggente di Fatima” (RAI-ERI, Rizzoli), apresentado por Bento XVI. Nele o cardeal Tarcisio Bertone, nada menos que Secretário de Estado do Vaticano, a segunda autoridade em importância do Pontifi­cado do mesmo Bento XVI, responde ao escritor Giuseppe De Carli sobre a questão do Segredo.
Este livro, já anunciado publicamente em Fátima pelo Padre Kondor, apareceu como resposta ao segundo livro, publi­cado pela mesma editora. “Il Quarto Segreto di Fátima” (Ed. Rizzoli, Milão, 2006), onde seu autor, o conhecido jornalista italiano António Socci, confessa que, embora tenha inicialmente aceito tudo o que havia sido explicado pelo Vaticano sobre o Terceiro Segredo, há uma série de indícios concretos que muito ficou por esclarecer. António Socci, no seu sito Internet “Lo Straniero”, comenta dura­mente: “Caro Cardeal Bertone, quem entre nós mente, consciente de mentir?” (TSF, em francês e italiano). 
Depois de tantas gerações que celebram as aparições de Fátima, será que ainda não chegou a hora de dizer toda a verdade e ouvir Nossa Senhora…? Até quando a polémica permanecerá, até neste alto nível?
Dela participo de modo indirecto pois já em Novembro de 2000 havia escrito ao Mons. Bertone, então braço direito do cardeal Rat­zinger na Congregação para a Doutrina da Fé, anexando meu livro em italiano “L’Eclisse del Pensiero Cattolico” (Ed. Europa, Roma, 1997), sobre a demolição conciliar. Fiquei porém sem resposta desse prelado que, depois de suas bisonhas operações na questão de Fátima, foi promovido a Arcebispo de Génova e agora a Secretário de Estado.
Seu silêncio não é novi­dade, pois eu mostrava que o problema não era propriamente o Segredo de Fátima, mas a nova visão da Fé do próprio Vaticano; o enigma não é Fátima, mas a obra suspeita da nova Roma. As questões tormentosas para a fé que expus naquela carta serão expostas no presente trabalho, a partir de uma razão simples:
- Se o Segredo de Fátima tem origem divina e revela algo de decisivo, como cremos, qual humana pode arquivado sem consequências?
Nenhum problema pode ser resolvido sem remontar às suas causas. É a chave de leitura do pedido-oferta contido na mensagem da Mãe da eterna Sabedoria: as crises humanas derivam do abandono do recurso à graça divina. Note-se que no caso de Fátima não se trata nem mesmo de fazer recurso, mas de acolher a resposta divina dada com incomparáveis sinais, como o Milagre do sol. Assim como é certo que o juízo sobre a autenticidade de um evento como Fátima compete à Igreja e ao seu Chefe terreno, é igualmente certo que a Igreja com o Papa, a Hierarquia, o Clero e tudo o mais nela, deve servir ao testemunho, à transmissão e à preservação da Fé suscitada nos homens por Deus.

A identidade da vítima: a Igreja Católica Apostólica Romana.

Que sentido teria para os ministros de Cristo invocar Sua ajuda para ignorar, mudar ou anular a Fé num sinal do Seu desígnio? O Evento de Fátima foi aceito pela Igreja, mas a sua Mensagem, embora profética, pois indica a ajuda divina para a nossa geração, depois de quase um século continua ignorada. Paralelamente, se chega a negar a gravidade da crise religiosa e moral que a história registou. Esta é evidenciada pela recusa da sacralidade e de uma ordem cristã, a favor de planos secretos para uma nova ordem humana. À esta luz o conteúdo simbólico do Segredo de Fátima diria respeito aos desvios em matéria religiosa. E como a grande novidade no âmbito da Igreja, que seria mais claro em 1960, foi o período de João XXIII iniciado em 1958, vamos tratar aqui das suas falsas inspirações para actuar o plano de pensamentos secretos a realizar com o Vaticano II. O Segredo aparece como a esfinge que desafia os violadores da Fé, os modernistas da revolução de Outubro na Roma católica: decifra-me ou devorar-vos-ei!
Se assim é, como veremos, deve-se pensar que já em 1917 algo começava a mudar no pensamento católico, que deveria ser orientado no sentido cristão da história, e portanto na vida mesma da Igreja. Não tem sentido que a autoridade na Igreja, ignore ou recuse sinais em que ao mesmo tempo reconhece o sigilo divino. Contradições que atingiram um ponto extremo quando João XXIII, depois de censurar a terceira parte do Segredo de Fátima, aludindo inequivocamente a este, declarou, ao inaugurar o Vaticano II, querer apartar-se dos “profetas de desgraças”? Desde então ocultaram as desgraças na mesma Igreja. Pode-se afirmar que estas derivam do Segredo de Fátima ou é mais honesto reconhecer que vêm da atitude clerical do actual Vaticano, que operou a mutação da Igreja; a perfídia planejada no Vaticano II?
E podemos meditar admirados que os sinais divinos só precisam de tempo para serem entendidos. Nenhum prelado pode impunemente censurar uma intervenção divina no mundo. Tal tentativa desvela o estado de sua fé quanto à missão da Igreja e à vontade de Deus; revelação indirecta que será, cedo ou tarde entendida para o bem da Fé.
Comprova-o o facto que, por mais que os depositários do Segredo se empenhem em neu­traliza-lo mais ele suscita graves questões expostas em livros e artigos publicados em várias línguas pelo mundo afora.
Basta que cada um consulte a própria consciência sobre o modo como certos factos religiosos são apresentados hoje para vislumbrar a reali­dade de uma epocal ruptura com o mundo passado.
Disto não estão excluídos nem os jovens, pois os elementos que demonstram uma gradual mudança no modo de pensar são evidentes e mesmo quem não está disposto a ver essa ruptura e esta mudança contínua, não pode negar que o assunto do Segredo, causa uma surda, geral e crescente perplexidade. Crentes e ateus, gregos e troianos, todos ficaram e continuam perplexos pelo modo como o Vaticano trata o Segredo. Este vinha acompanhado pela interpretação de cunho intelectual do então cardeal Ratzinger, que provocou surpresa; mas como, depois de quarenta anos é só isso? Houve até um jornal que saiu com um título em letras garrafais: - Ficou provado: Deus não existe! (Il Mani­festo. Roma).
Visto, porém, que a sua visão dramática da hecatombe do papa católico com o seu séquito fiel, é ligada inegavelmente ao nosso tempo, esse tratamento suspeito em si mesmo desvela o tema do Segredo, que é secreto só para quem não quer ver a crise clerical, velada mas real.
Assim o “Segredo”, que é o cerne do evento de Fátima, reconhecido pela Igreja de origem divina, torna-se para os seus, censores e manipuladores uma “pedra de tropeço”. É a questão à base deste trabalho: nada pode fugir aos desígnios da Providência…

As mentiras sobre o Terceiro Segredo de Fátima

Se o Segredo de Fátima é um sinal da Providência, como cremos, deve necessariamente conter o desígnio divino de converter à Fé e revelar tramas contra a mesma. Em suma, apurado que o Segredo vem de Deus, quem tenta mutilar seu apelo à conversão com uma política ecumenista, que equipara as crenças, só desvela a própria oposição ao desígnio divino. A este foi conferida luminosidade sem par justamente para focalizar seu aviso. Pois há que lembrar o aval que o evento de Fátima teve com o grande milagre do sol. Só no Antigo Testamento é relatado algo de parecido. Um grandioso sinal dado para garantir a Mensa­gem que contem avisos e promessas das mais relevantes para a humanidade, pois após ter dado avisos concernentes guerras, revoluções e massacres sem precedentes na história, aponta para o massacre da autoridade católica. Todavia, que aten­ção recebe esse anúncio?
Emblematicamente se pretendeu desligar a Mensagem de Fátima, não dos conflitos mundiais, pois isto seria historicamente impossível, mas da crise da Fé, como se isto fosse ecumenicamente conveniente. Tudo com a ilusão de ocultar uma crise que revela dimensões desoladoras.
Porque havia que ocultar esse drama simbólico de nossos tempos? Toda crise tem uma causa e sem remontar a esta, resta sem solução.

Para ocultar a causa da crise querem ocultar a sua data.

A publicação da terceira parte do Segredo com a evidente intenção de usá-la para em seguida fecha-la para sempre, mesmo sem conseguir explicá-la, suscitou uma surda perplexidade até da parte de bispos e sacerdotes sobre a interpretação do Vaticano. Se a intenção desta era obter a sua tácita remoção da consciência da Cristandade, com suas contradições a iniciativa só suscitou novas dúvidas que acentuam o pendente desafio que dura há mais de quarenta anos; ao invés de extinguirem essa questão, acenderam-na nas consciências.
O facto é que a preocupação de associar o Segredo ao atentado contra João Paulo II obrigou o Vaticano a anular a data prevista para desvelar o Segredo, “quando este seria mais claro”, isto é 1960. Para isto foi enviado a Coimbra um alto prelado que obtivesse da Irmã Lúcia a banalização dessa data.
O resultado foi publicado no dia 26.6.2000 pelo Vaticano. Eis a pergunta de D. Bertone e a resposta. “Uma vez que a Irmã Lúcia, antes de entregar ao Bispo de Leiria‑Fátima de então o envelope selado com a terceira parte do «segredo», tinha escrito no envelope exterior que podia ser aberto somente depois de 1960 pelo Patriarca de Lisboa ou pelo Bispo de Leiria, D. Bertone pergunta‑lhe: «Porque o limite de 1960? Foi Nossa Senhora que indicou aquela data?» Resposta da Irmã Lúcia: «Não foi Nossa Senhora; fui eu que meti a data de 1960 porque, segundo intuição minha, antes de 1960 não se perceberia, compreender‑se‑ia somente depois. Agora pode‑se compreender melhor. Eu escrevi o que vi; não compete a mim a interpretação, mas ao Papa.»

Na verdade a Irmã Lúcia dizendo que foi ela a colocar a data de 1960 para a abertura do Segredo ao redigi-lo em 1944 o estava interpretando, mas a Irmã revelou também que devido à sua hesitação ao escreve-lo, a Mãe de Deus lhe apareceu no dia 2 de Janeiro de 1944 para autoriza-la. Esse evento eminente indica que nada do que concerne o Segredo, da sua redacção ao ano de sua abertura foi deixado ao caso.
Em 1967, 50° aniversário das aparições de Fátima e ainda no clima de desilusão pelo silêncio que se fez sobre o segredo, esse não foi esquecido apesar do vento do espírito conciliar, o prefeito da Sagrada Congregação, para a Doutrina da Fé, cardeal Ottaviani, forneceu estas noticias: “O segredo não devia ser aberto antes de 1960. No mês de Maio de 1955 perguntei a Lúcia a razão dessa data e ela me respondeu: porque então será mais claro. Isto me fez pensar que aquela mensagem era de tom profético, visto que, como se lê nas Sagradas Escrituras, é próprio das profecias que haja um véu de mistério.” (Conferência na Pontifícia Academia Mariana, dia 11.2.67).
A questão requer pois um exame e uma meditação aprofundados. Ora, como a visão do Segredo é simbólica, isto é, se refere a um evento virtual, ela é dirigida às consciências, e representando a eliminação da suprema autoridade da Igreja, que representa a Lei de Deus, a visão concerne sem dúvida a hora da luta extrema que envolve no mundo esta autoridade diante das consciências; em especial católicas.
Seria possível ocultar a causa de tal crise? Note-se que, assim como é hoje evidente que sua origem remonta à eleição de João XXIII e ao seu Vaticano II, assim também se sabe que esta corresponde ao arquivamento do Terceiro Segredo, cuja visão mostra a cidade arruinada e a heca­tombe do papa junto à lista completa de testemunhas católicos. Porque havia que ocultar esse drama simbólico de nossos tempos? Só se fosse para evitar que a visão do Segredo, da virtual eliminação do sumo guardião da Fé imutável, o papa com o seu séquito fiel, viesse a suscitar a conexão desse abatimento com a decorrente abertura das portas da Igreja à sua radical e deletéria mutação. Essa conexão entre causa e efeito, entre a visão do Segredo e os factos que ocorreram na Igreja e a intenção de oculta-los depois da morte de Pio XII, causando crises, enganos e ocultações de verdades vitais para o bem dos fieis. Tudo se foi aclarando desde 1960, quando o Segredo podia ser aberto.
Vejamos a sequência dos mistérios em volta do Segredo, conscientes que “... Nada há oculto que não se venha a descobrir…
Para ter a confirmação de que 1960 era o ano indicado à irmã Lúcia para tornar conhecida a terceira parte do Segredo, pode-se recorrer aos testemunhos directos de pessoas reputadas, como os cónegos Barthas e Galambra e os cardeais Ottaviani e Cerejeira. De facto, este, no dia 7 de Setembro, 1946, no encerramento do Congresso Mariano no Brasil, declarou que a terceira parte do, ainda não revelada, foi escrita e colocada num envelope selado, que será aberto em 1960.
Além disso dom João Pereira Venâncio, sucessor de dom José na Diocese de Leiria, que chegou a propor a todos os bispos do mundo um dia de oração e penitência na data de 13 de Outubro de 1960, para que todos pudessem ouvir e honrar a Mensagem da Mãe de Deus. Nos seus colóquios com a Irmã Lúcia, nos dias 17-18 de Outubro de 1946 (publicados em 1952), o canónico Barthas perguntou-lhe quando a terceira parte do Segredo seria revelada. A resposta sem hesitação, confirmada também pela anuência do Bispo de Leiria, foi: Em 1960. Continua o Padre. “E quando eu levei a minha ousadia ao ponto de perguntar porque devíamos esperar até então, recebi a mesma resposta da Irmã e do Bispo: Porque a Santíssima Virgem assim o quer”.
O fato desta vontade ter sido ignorada em 1960 tem um significado; indica que o autor dessa censura tenha parte no mistério do Segredo.

Na carta de 24 de Junho de 1987 que recebi da Irmã Lúcia, ela responde à minha questão: “O ano 1960, crucial na vida da Igreja e do mundo, por muitos factos ainda invisíveis, era previsto como momento para o conhecimento do Segredo, mas como a Misericórdia divina deu a conhecer a Irmã Lúcia esta data? Ela responde: “O como tive conhecimento desta data não estou autorizada a explicá-lo aqui, mas tenhamos presente que, a autorização dada para que a Igreja pudesse abrir a minha carta, não foi uma ordem para que a publicasse.”
Parece impossível conciliar aqui as duas coisas. Se foi a mesma Lúcia que estabeleceu o ano 1960 para a abertura da terceira parte do Segredo, pode ela referir-se aqui a uma autorização à si mesma e depois a outra autorização dada para a Igreja? Mistério! E pretendem que hoje se acredite que o véu desta data, que manteve suspensa a atenção da Cristandade e do mundo por mais de meio século, não seja indicação essencial do mesmo segredo, mas uma «intuição» da Vidente?
De qualquer modo, não é possível mudar os factos da história desse período. Na Igreja tudo mudou e não há dúvida que essas mutações no mundo católico causaram uma radical mudança na sociedade humana, que foi constatado por históricos e também por sociólogos e filósofos, e registado nos campos da justiça e da segurança social do mundo.
Se o Segredo diz respeito a um evento passado e concluído, deveria ser explicado que fato é esse e quando aconteceu. Além disto seria preciso mostrar a relação de sua conclusão com o predito triunfo final.
Trata-se pois da mutação silenciosa mas evidente que abriu as portas da sociedade à uma revolução social de enormes proporções, que mudou o modo de pensar e de viver do nosso tempo. E como é sempre o mundo espiritual a guiar o social, há que responder à questão de qual teria sido este evento para a Igreja? Compete pois a quem nega a importância desta data explicar a clamorosa coincidência pela qual justamente neste período começou a descristianização do mundo e a apostasia universal. Como escreve um teólogo (revista Roma, Buenos Aires, n. 88): “Podemos afirmar sem fornecer provas que a causa de toda a crise da Igreja é o próprio Vaticano II (convocado então). Quem deve fornecer as provas é quem nega ser esse concílio a causa eficiente do desastre eclesial. Mas se quer ser credível deverá revelar qual seria o outro evento que superou essas mutações e consequências. O único evento devastador que o precedeu nesse período e que deixou o mundo cristão perplexo, foi a negativa de João XXIII de publicar o Segredo da Mãe celeste para a salvação de seus filhos”. Muitos fiéis ainda não querem entender a perfídia de proclamar ‘sinais dos tempos’ e ‘novas Pentecostes’, mas ocultar um claro Sinal profético divino.
Como se pode concluir, se a terceira parte da mensagem de Fátima ficasse privada da referência dessa data, a sua natureza profética ficaria, se fosse possível, neutralizada para prevenir o grave perigo para a Fé. Como acreditar pois que 1960 foi um ano inventado pela Irmã Lúcia? Se assim fosse, como é possível que em 1959 o Bispo de Leiria-Fátima, João Pereira Venâncio, se tenha dirigido a todos os bispos do mundo, para propor a preparação ao evento da publicação da Terceira parte do Segredo com uma universal novena de oração.
Na América houve iniciativas importantes como a do milionário John Haffert que, testemunha de grandiosos milagres em Fátima em 1940, e tendo conhecimento dessa data ouvindo a Irmã Lúcia, organizou um imponente programa de comunicação que mobilizou até um canal de televisão por um ano inteiro. Cada sábado às 9 da tarde, no horário nobre, ia em onda Zero 1960, que depois tomou o nome Crisis e teve a participação de conhecidas personalidades, como John Kennedy e o senador Humphrey, suscitando um enorme interesse popular em Nova York e em todos os Estados Unidos.
O apostolado de Fátima, feito de oração e penitência para obter a ajuda divina, concordava plenamente com a ortodoxia católica para os momentos difíceis, que quer os fiéis atentos aos sinais divinos através da palavra do Chefe da Igreja. Mas no Vaticano a posição – ainda velada – era contrária a Fátima, como se viu. E hoje, se quer negar a grande crise da Igreja conciliar, negando a relevância da data de 1960.
Mas não podem mudar a história.

A grande objecção: se assim é, porque o Segredo foi publicado?

Vejamos a sequência de factos ligados à publicação do Segredo, mas evitando uma indevida reverência que sobreposta ao sadio senso comum não favorece a verificação da verdade que o Segredo focaliza.
Em 2000 finalmente João Paulo II chegou à convicção que poderia levantar o sigilo imposto por João XXIII ao Segredo, embora o sen­tido deste, como veremos, lhe fosse obscuro. A razão dessa abertura parece residir no facto que, em vista da enorme popularidade que atingira no mundo, intuía que o risco de publicar a misteriosa mensagem seria compensado pelo benefício que traria à sua imagem de vítima dos inimigos da Igreja. Foi assim que a conferência vaticana para expor o texto forneceu aos meios de comunicação social uma interpretação do Segredo com força­das alusões a João Paulo II, expostas pelo cardeal Sodano e reforçadas pela nota teológica do então cardeal Ratzinger. Esta interpretação teria carácter oficioso e definitivo, pois se pretendia que com isto a embara­çante questão do Segredo fosse definitivamente superada. Ao contrário, porém, não só as perguntas restam, mas suscitaram outras: o que implicam estes propósitos obscuros em relação à mensagem que se reconhece celeste, mas incómoda; de sentido profético e universal, mas adaptável a uma pessoa? A interpretação do Segredo pelas autoridades do Vaticano concen­trou-se, para resolver o dilema, justamente na pessoa que quis a sua abertura, mas sem explicar como esta serviu à sua defesa, e sem nenhum argumento convincente de que assim a profecia do Segredo exauria-se. Esta ideia, ao contrário, iria reforçar a impressão que o objecto da operação era pôr uma áurea de martírio e de protecção divina sobre João Paulo II e sua pastoral ecumenista. E isto sem responder às questões suscitadas pela visão da hecatombe papal, reduzida, segundo o cardeal Ratzinger, a impressões religiosas dos pastorinhos após a visão do inferno.

A perplexidade geral diante da interpretação do Segredo

- “Projecções do mundo interior de crianças, crescidas num ambiente de profunda piedade, mas ao mesmo tempo assustadas pelas tem­pestades que ameaçavam o seu tempo”. Seriam elas privadas de um sen­tido especial merecedor de maior atenção? Como é que tais projecções de crianças assustadas pelas tempestades que ameaçavam o seu tempo se traduziam agora no atentado à vida de João Paulo II? Foram tais sustos e visões a guiar os pastorinhos à santificarem suas vidas e a induzir o Vaticano, que havia censurado a visão, a os beatificar solenemente?
A interpretação do Segredo da parte do Vaticano causou perplexidade geral e perturbou o íntimo de muitas consciências decerto devido a duas razões que aparecem veladas, mas são clamorosas: - a redução de um evento religioso com desígnios de alcance universal a uma pessoa, João Paulo II; - o contraste entre a piedade tradicional e o decenal aggiorna­mento da religião aos tempos, do Vaticano II.
Poderia a profecia de Nossa Senhora, do atentado ao Papado, servir para aprovar as mutações da Igreja na pessoa de quem as representa?
Só um espírito anti-profético poderia propor, ao abrigo da Mensagem de Maria, o equilibrismo entre questões religiosas discordantes, como seja o apelo à conversão e a manobra ecumenista; operação que marca a ruptura espiritual entre o sentido do Segredo e a tentativa de conciliar crenças contraditórias a favor da utópica nova ordem mundial.
Quem seguiu a análise séria sobre a visão do Segredo, constatou que ele desvela dois factos principais: - a grave situação da cidade meia arruinada, que aos olhos de Maria só pode ser a Cristandade; - a sua natureza de “profecia de desgraças”, conforme aos Evangelhos, ao Apocalipse, à Tradi­ção católica e aos alertas de todos os papas dos tempos modernos. O Segredo de Fátima expressando um sinal de Deus encerra um Seu desígnio de bem para as almas, indicando graves perigos que pendem sobre a Igreja e a Fé.

Outro enigma – a impossível consagração da Rússia

No dia 13 de Maio de 1981, depois do atentado que sofreu na Praça de São Pedro, João Paulo II inteirou-se da gravidade da Mensagem de Fátima para deduzir estranhamente que se aplicava à sua vida pessoal. Depois do que, o pedido de consagração da Rússia ficava reduzida à acto de devoção pessoal; João Paulo II escreveu à Irmã Lúcia que respondeu em 12 de Maio de 1982: “A terceira parte do segredo refere‑se às palavras de Nossa Senhora: - Se não, [a Rússia] espalhará os seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja. Os bons serão martirizados, o Santo Padre terá muito que sofrer, várias nações serão aniquiladas –. A terceira parte do segredo é uma revelação simbólica, que se refere a este trecho da Mensagem, condicionada ao facto de aceitarmos ou não o que a Mensagem nos pede: - Se atenderem a meus pedidos, a Rússia converter‑se‑á e terão paz; se não, espalhará os seus erros pelo mundo, etc., –. Porque não temos atendido a este apelo da Mensagem, verificamos que ela se tem cumprido, a Rússia foi invadindo o mundo com os seus erros…
Pode-se supor que a Irmã não considerou necessário dizer nesta carta a João Paulo II o que a Religião católica ensina sobre a origem dos males humanos, que é sempre de ordem espiritual. Conversão ao bem e à verdade da Fé? Mas João Paulo II fala da conversão da Rússia à paz! O novo bem de uma justiça e paz indiferente quanto às religiões e ideologias. Como poderiam tais ideias compor um acto de consagração para a conversão da Rússia? Na verdade esse acto foi repetido outras vezes, até aquele do dia 25 de Março de 1984… O misterioso obstáculo que impede a realização dessa consagração verificou-se na tentativa de 1984, quando João Paulo II, que não pronunciou o nome da Rússia, tentou um patético dizendo: “Confiando-Vos, ó Mãe, o mundo, todos os homens e todos os povos, nós Vos confiamos também a própria consagração do mundo, depositando-a no vosso Coração materno.
O facto é que João Paulo II chegou a dizer que “havia feito o que lhe era possível” (Mons. Cordes) e que não tinha jurisdição sobre aquele pais! O que significa negar, ou o poder universal de Jesus Cristo, o que é herético, ou que seja Seu Vigário, o que é compreensível, porque o acto pedido não pode ser menos que uma preeminente profissão de Fé apostólica diante do mundo, da Igreja com todos os seus bispos. Quanto à afirmação que “a Irmã Lúcia confirmou pessoalmente que este acto, solene e universal, de consagração correspondia àquilo que Nossa Senhora queria: - Sim, está feita tal como Nossa Senhora a pediu, desde o dia 25 de Março de 1984 – (carta de 8.11.1989)”, há razões para duvidar que a Irmã Lúcia tenha concordado espontaneamente com tal versão. Se o fez foi após insistentes instruções do Vaticano. Note-se que a carta de 8 de Novembro de 1989, tem um atraso de mais de cinco anos do tal “acto”. Porque? Pela simples razão que ela não poderia imaginar que tal acção, que deveria ser um solene e universal testemunho da fé na intervenção de Deus neste mundo, com o apelo de Seu Vigário, poderia ser a acção indicada pelo Vaticano. De facto nos anos anteriores a 1989 a Irmã Lúcia, sempre que podia, declarava que a Consagração pedida ainda devia ser feita. Foi revelador o P. Messias Coelho, que informou, de modo tão explicito quanto ingénuo, que o Vaticano havia enviado instruções à Irmã Lúcia e a alguns clérigos ligados ao apostolado de Fátima, como ele mesmo, o P. Pierre Caillon e outros, que a consagração da Rússia já havia sido realizada e que o Céu a aceitou.
Portanto não se devia mais importunar o Santo Padre! (FJM, p. 374).
Eis a estranha história dessa “instrução” sobre a “consagração já feita”, dada em 1989 a alguns, mas extensiva hoje a todos e ao Segredo:
“Por isso, qualquer discussão e ulterior petição não tem fundamento.”

Onde está o amor pela verdade? No caso do P. Messias Coelho, deve-se lembrar que no seu livro, «O que falta para a conversão da Rússia» (Fundão, 1959), ele explica, e bem, que esta “só pode entender-se, no sentido do retorno à fé católica, De resto, só esta é a verdadeira conversão” (p.286). É o que os católicos pensam da profetizada conversão.
O que mudou? Só as instruções do Vaticano sobre a consagração.
Como se vê, já em 1989, o novo Vaticano usava sua autoridade para ditar à consciência da Irmã Lúcia e de outros o que deviam dizer e pensar da Mensagem de Nossa Senhora de Fátima. Para alguns estes factos teriam prejudicado a credibilidade da inteira Mensagem. Na verdade a sua omissão só alimentou disparates, como dizer que havia duas Irmãs, ou um complô secreto para falsificar o que ela dizia, distorcendo todo o seu testemunho, etc. Teria sido mais fácil reconhecer que a Irmã, diante da gravidade do Segredo e sob a pressão das autoridades actuais, ligadas, passiva ou activamente à hecatombe papal da sua “visão”, preferiu obedecer-lhes. Trata-se de dois diversos testemunhos de Lúcia em duas épocas diversas; um autêntico e original antes da morte de Pio XII, outro depois desta, que se lhe opõe porque seguiu o aggiornamento conciliar. Mas isto não altera a credibilidade do Segredo, cuja real interpretação não pode ser mudada pelas pressões sobre a Irmã Lúcia; antes, estas podem fazer deduzir as outras, intrínsecas ao Segredo, que evidenciam o “mistério de iniquidade”.
Com a interpretação do Segredo pelo Vaticano tudo foi desviado para o campo de suspeitas projecções religiosas, isto foi desvelado pela menção elogiosa ao jesuíta Edouard Dhanis, eminente conhecedor da matéria e autor da ‘análise teológica’ que, negando o que chamou de ‘Fátima 2’, negou a autenticidade do Segredo. Justamente o que o eminente prefeito da fé, Ratzinger, pretendeu interpretar! Mais uma ridícula tentativa para arquivar a Profecia, se não no seu texto, no seu alto sentido? O facto é que tal publicação evidenciou que o Vaticano actual não consegue explicar o sentido da mensagem profética, da razão do seu longo sigilo e não pode deixar de provocar perplexidade. Para Ratzinger também o Apocalipse deve ser arquivado, como a entrevista do padre Fuentes com a vidente Lúcia?
Na cerimónia do dia 27 de Outubro de 1986, encontro de oração pela paz em Assis para a qual João Paulo II convocou os representantes das grandes religiões do mundo e ali declarou: "Que tantos líderes religiosos estejam aqui juntos para rezar... a fim de que o mundo tome consciência de que existe outra dimensão da paz... Não é o resultado de compromissos políticos e acordos económicos, mas o resultado da oração que, na diversidade das religiões, exprime uma relação com um poder supremo que está por cima de nós... Nosso encontro só testemunha... que na grande batalha em favor da paz, a humanidade, com sua grande diversidade, deve tirar sua motivação das fontes mais profundas e vivificantes nas quais a sua consciência se plasma e sobre as quais se fundamenta a acção moral de toda pessoa. ... Daqui iremos a diferentes lugares de oração. Cada religião terá o tempo e a oportunidade de exprimir‑se em seu próprio rito tradicional."

Foi assim que o mundo assistiu ao espectáculo de bonzos incensando um Buda colocado sobre o Sacrário de um altar católico, pois na igreja de São Pedro em Assis havia sido removido o crucifixo.
O Grande Oriente da Itália declarou (Abril de 1987): "O nosso interconfessionalismo nos causou a excomunhão de 1738 por parte de Clemente XII. Mas a Igreja estava certamente em erro se é verdade que dia 27 de Outubro de 1986 o actual pontífice reuniu em Assis homens de todas as confissões religiosas para rezar pela paz. Que procuravam de diferente nossos irmãos quando se reuniam nos templos senão o amor, a tolerância, a solidariedade e defesa da dignidade humana, considerando-se iguais acima de todo credo político e religioso?"

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Um comentário:

  1. I preti sono tutti scomunicati, (dagli atti infallibili dei papi precedenti al 1958), inclusi Francesco e i lefebvriani, per aver eletto il cardinale Siri a papa e per averlo poi fatto dimettere per le minacce dell'Unione Sovietica, mettendo al suo posto l'antipapa Giovanni XXIII.
    Ora devono tutti pentirsi del peccato contro lo Spirito Santo consumato nel conclave del 1958, e ridursi allo stato laicale.
    Nel Concilio vaticano II, tutti i presenti erano ecclesiastici già divenuti apostati nel Conclave del 1958.
    Ciò nonostante la chiesa di Cristo esiste ancora tra gli apostoli dispersi degli ultimi tempi, (profetizzati da Melanie Calvat e dal Monfort), e nella sua parte invisibile dei Santi già morti.
    Su questa Vera Chiesa, per quanto sia stata dispersa in terra, Ella è riunita in cielo, pertanto Satana non prevarrà.
    La chiesa Vaticana non è però vera Chiesa, ma è abominio di desolazione,chiesa apostata e scismatica.
    Vincenzo RUSSO neo eleatico pitagorico http://www.webalice.it/iltachione

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